Benguela – O promotor da plataforma digital Hotéis Angola, Jorge Nunes, defende uma aposta séria na transformação dos recursos existentes em produtos turísticos atractivos, que valorizam a identidade cultural única do país.
Falando à ANGOP, Jorge Nunes considera que Angola tem muitos pontos turísticos, não obstante ter algum défice em produtos turísticos para serem vendidos aos turistas que visitam o país.
“Nós colocamos, muitas vezes, várias desculpas na estrada e em muitas outras coisas”, frisou Jorge Nunes, acrescentando que é altura de fazer o trabalho de casa, para que se consiga oferecer produtos turísticos que traduzam a identidade do país.
Daí salientar que a plataforma Hotéis Angola tem estado já a trabalhar na promoção do turismo nacional, pelo que desenvolveu recentemente o novo sistema para conseguir ordenar os pontos turísticos e divulgá-los.
Neste sentido, desafia os operadores turísticos para que tenham a capacidade de dizer às pessoas interessadas em visitar Angola o que é que o país tem em termos de turismo e que condições vão encontrar.
Para o entrevistado, os turistas não vão encontrar só maravilhas, mas também dificuldades e, por isso, os operadores devem ajudá-los fazendo com que tenham uma experiência única, até porque o povo angolano é acolhedor.
A esta característica do angolano, disse, deve juntar-se a própria organização dos operadores, com o desenvolvimento dos pacotes turísticos atractivos para conseguir vender o produto com humildade.
“Não queremos dizer às pessoas que venham para Angola porque é o Dubai deste lado de África”, enfatizou.
E acrescenta: “Queremos dizer, sim, venham para Angola porque é única a nível de identidade”.
Oferta turística
Jorge Nunes opõe-se à ideia de comparar o país com outras realidades a nível de oferta turística, já que, como referiu, tudo é diferente, nomeadamente o clima, a terra, as pessoas e o tipo de construção.
“Vamos nos comparar, sim, a nível da qualidade de formação que temos e do atendimento, mas a nível de identidade Angola é única”, insistiu.
Sobre os acessos aos pontos turísticos, a fonte considera uma experiência "engraçada” e lembra da picada de cerca de 30 quilómetros desde a Estrada Nacional EN 100 para chegar ao Egipto-Praia.
No fundo, notou, essas dificuldades nos acessos não ofuscam as raras belezas naturais do país. Antes pelo contrário, dão aos turistas uma experiência única de conhecer a cultura e identidade dos angolanos.
Aliás, sustentou que o que as pessoas vêm ver em Angola é "Angola", ou seja, ninguém vem aqui para ver a África do Sul, assumindo que há já melhorias para receber as pessoas que nos visitarem com as condições que temos.
Embora tenha reconhecido a necessidade da construção de restaurantes e hotéis junto dos pontos turísticos, aquele responsável avança que as pessoas não deixam de ir a esses locais, como o Egipto-Praia, por não ter lá um restaurante, uma vez que podem fazer piquenique em grupo.
Parques de campismo
Jorge Nunes defende, por outro lado, que Angola só vai ter efectivamente turismo, quando apostar em parques de campismo junto dos diversos pontos turísticos de norte a sul do país.
Segundo ele, o Egipto-Praia, na província de Benguela, é um ponto turístico ideal para a instalação de um parque de campismo comunitário, onde os turistas podem acampar duas ou três noites, com segurança.
Com isso, apontou, a comunidade teria muitos benefícios, porque os turistas comprariam localmente os produtos de subsistência, enquanto desfrutam da paisagem. JH/CRB