Londuimbali – O Governo angolano iniciou, nesta quinta-feira, no município do Londuimbali (Huambo), o processo de consulta pública sobre a criação da área de conservação do Morro do Moco, o ponto mais alto do país, com 2.620 metros.
O Morro do Moco conserva muitos e valiosos recursos faunísticos e minerais que, aliadas as suas incomparáveis rochas e grutas na montanha, fazem dele um lugar de referência nacional e internacional.
Além de diversos tipos de árvores e animais, entre chimpanzés e cabras do mato, bem como 200 espécies de aves, nascem nele os rios Balombo, Chavassa e um outro com o próprio nome do monte.
A directora-geral do Instituto Nacional de Biodiversidade e Conservação do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, Albertina Nzumzi, orientou o evento, que serviu para recolher propostas e esclarecer as inquietações de todos os intervenientes deste projecto.
A responsável referiu que o projecto consta do programa de expansão das áreas de conservação ambiental do Governo angolano, por via do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente e do Instituto Nacional da Biodiversidade e Conservação, que prevê, até 2022, criar três áreas do género, das 20 já identificadas.
“Com objectivo de conservar a fauna e flora do país, para além do Morro Moco, constam a Serra do Pingano, na província do Uíge, bem como a Floresta da Combila, no Cuanza Sul, sendo que também já foram alvos de consultas públicas”, disse.
Explicou que a conservação do Morro Moco prevê a protecção das espécies da fauna e da flora nativa que, actualmente, se encontram endémicas, devido as queimadas anárquicas, abate indiscriminado de árvores, produção de carvão e a prática de agricultura contra o meio ambiente.
Albertina Nzumzi considerou que essas práticas são nocivas ao ecoturismo que se pretende implementar nesta circunscrição, daí que o programa prevê, também, a capacitação da população que vive ao redor, em prática de artesanato, agricultura e caça a favor do meio ambiente, bem como na fiscalização.
As autoridades tradicionais presentes no encontro defenderam que a proposta de criação da conservação ambiental do Morro Moco deve ter em conta a situação sócio-económica real das famílias que vivem ao seu redor, para evitar conflitos de terra e agudizar a fome destas comunidades.
Solicitaram, igualmente, o melhoramento das vias de acesso ao morro.
Já a administradora municipal adjunta do Londuimbali para a área Política, Social e das Comunidades, Carlota Chilonga, enalteceu a escolha do Morro Moco, uma das Sete Maravilhas de Angola, salientando que a criação de uma zona de conservação vai estimular o crescimento económico da localidade.
A designação Moco deriva da expressão “Omoko”, que em língua nacional umbundu significa faca.
Segundo reza a história, certo dia, um caçador perdeu a sua única faca (omoko) durante a sua actividade no monte, e de regresso à aldeia convidou alguns homens para o ajudarem a encontrar o seu artigo tão valioso para a caça, e de lá nunca mais regressaram.