Ndalatando - Uma falha técnica pode estar na base do descarrilamento, quarta-feira, a 10 quilómetros de Ndalatando, da locomotiva GE-C30 de combustível do Caminho- de -Ferro de Luanda (CFL) com 14 vagões.
Segundo testemunhas no local, o comboio ficou cerca de 30 minutos a tentar transpor uma subida de grande altitude, nas imediações da aldeia Bebe Água (próximo do local do acidente).
Gorada a tentativa, a locomotiva recuou, causando o descarrilamento de oito vagões.
Técnicos da CFL continuam a trabalhar no local para repor a circulação Luanda/Malanje, averiguar as causas do acidente e remover o material danificado.
O delegado do CFL no Cuanza Norte, Alfredo Ngunza, deu conta que hoje (sexta-feira) decorrem as obras de reposição de alguns carris e preparação de acesso para as máquinas de grande dimensão (gruas), remoção dos vagões e do material ferroso danificado.
Em relação às lavras destruídas, disse que o CFL não vai assumir as responsabilidades pelos danos porque, segundo afirmou, os proprietários invadiram uma área proibida para qualquer actividade, por constituir reserva de infra-estruturas públicas.
Esclareceu que a zona é reservada para manobras de veículos e máquinas quando se pretende efectuar trabalhos de manutenção.
Pontualizou que esta situação tem sido recorrente ao longo da linha do CFL, na província do Cuanza Norte.
Alfredo Ngunza indicou que outra situação preocupante é a construção de casas próximo da linha, por constituir perigo para os moradores e transtorno para os técnicos do CFL.
O acidente, que aconteceu no ponto quilométrico 230, na localidade de Lússue, interrompeu a circulação ferroviária no troço Luanda/Malanje, destruiu cerca de 150 metros de linha férrea.
Em 2021, o CFL registou dois acidentes neste troço. O primeiro aconteceu em Janeiro, no município do Lucala, Cuanza Norte, envolvendo também um comboio de combustível e o segundo em Cacuso, Malanje, com uma locomotiva de manutenção.
O CFL, inaugurado em 1909, tem uma extensão de 479 quilómetros e liga a capital angolana, Luanda, às províncias do Cuanza Norte e Malanje. Conta com 28 estações e presta serviços de transportes de passageiros, mercadoria e correios.
A linha tem sido alvo de sabotagem por cidadãos que procuram por material ferroso para venda ilícita a siderurgias, fenómeno que nos últimos anos se tem verificado no país.
Em Agosto de 2021, a direcção do Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) denunciou o furto de 400 parafusos da linha férrea, na estação do Cassualala, ramal do Dondo, província do Cuanza Norte, o que impede a circulação de comboios.