Uíge - Vinte dos dois mil 281 cadáveres que deram entrada na morgue do Hospital Geral do Uíge (HGU), desde Janeiro até a presente data, foram abandonados, uma cifra que representa, aproximadamente, dois casos/mês.
Dos dois mil e 109 cadáveres que deram entrada no HGU, em 2019, 18 foram abandonados, informou à Angop, nesta quarta-feira, o chefe de secção da Anatomia Patológica dessa unidade sanitária, Garcia Nunes.
O técnico de saúde explicou que o registo resulta de óbitos ocorridos no hospital, cadáveres recolhidos nas ruas pela Polícia Nacional e alguns casos de aborto, um registo que pode atingir, nesse ano, dois casos/mês.
Garcia Nunes explicou que os cadáveres quando passam mais de dez dias na morgue são considerados como casos de abandono. Apesar disso, pode ultrapassar esse prazo em caso de investigação forense.
Passado o prazo, se não houver qualquer reclamação por parte dos familiares para a realização de um funeral condigno, é dado a conhecer à administração municipal e a polícia local, a fim de se realizar o funeral.
Em função desta situação, o vigário Paroquial da Sê-Catedral do Uíge , Cristovão Kazesa, considerou desumano e condenou quem assim procede.
“ Se os familiares deixam que o governo enterre os seus entes queridos significa inexistência de lembranças por parte dos parentes, porque a morte é para todos” lembrou.
Desaconselhou tais práticas, salientando que em caso de inexistência de condições o melhor é pedir ajuda às autoridades, para dar um enterro condigno ao seu familiar.