Cazenga - Sem tabús, mulheres de diferentes extractos sociais no país, em particular as do município do Cazenga (Luanda), continuam firmes a abraçar e a executar tarefas complexas outrora desempenhas apenas por homens.
A mulher angolana mostra-se, cada vez mais, emancipada e empoderada, dando prova das actividades que exerce, até então exclusivamente apenas executadas por homens.
É o caso de Maria Ndizolele, de 37 anos, que ganha a vida fazendo a actividade de moto-táxi principalmente na linha Cuca/Kikolo. Mãe de sete filhos, dos quais dois partos de gêmeos, é deste trabalho que consegue o seu ganha pão para sustentar sua família residente do bairro Malueca, município de Cazenga.
Proveniente da província do Uíge, disse que está neste ramo há 14 anos e conta com o apoio do esposo que a ajuda no mesmo trabalho como cobrador com uma motorizada de duas rodas emprestada que diariamente consegue fazer até vinte mil kwanzas.
Membro da Associação dos Motoqueiros e Transportadoras de Angola (AMOTRANG), Maria Ndizolele rasga todos os dias as estradas do Cazenga e não só, carregando mercadorias e pessoas para a sobrevivência de sua família.
Durante 14 anos Maria trabalhou com a motorizada emprestada, tendo ganho da AMOTRANG no dia 10 de Fevereiro deste ano a sua motorizada pela sua dedicação e coragem na profissão desempenhada, na sua maioria, por homens.
Satisfeita com a motorizada recebida, Maria diz que irá trabalhar para quitar o valor da mesma com o depósito mensal acordado e que tem sido uma benção, pois já não reparte o valor como anteriormente.
Diz que a actividade é cansativa, mas prazerosa e que não tem medo dos seus colegas homens, fortalecendo o diálogo e o respeito durante o trabalho.
Na paragem da Cuca é bastante conhecida pela prudência que tem na condução e simpatia com os outros colegas.
Outra mulher é a jovem aprendiz de mecânica auto Lina João Francisco, de 16 anos. Ela declara que sempre gostou desta profissão, também na sua maioria praticada por homens e, por isso, "luta" para ser uma profissional respeitada.
A frequentar a sétima classe, Lina diz que se vai especializar naquela área, com o intuito de melhor contribuir para o desenvolvimento do país, em particular do Cazenga, onde reside.
Outra empoderada é a mecânica de locomotivas há sete anos, Jacira Oliveira, de 33 anos. Afirma sentir-se satisfeita com a sua profissão, que executa nas Oficinas Gerais do Caminho de Ferro de Luanda (CFL), uma actividade que a sua mãe se opunha pois a queria como médica.
Licenciada em Engenharia Industrial e Sistemas Eléctricos, onde era a única mulher, sempre acompanhou seu pai em actividades de reparação de carros, troca de lâmpadas e outros trabalhos por ser a primogénita de quatro irmãs, tendo ganho gosto por um curso técnico.
Mãe de duas meninas gémeas, de dez anos, se diz satisfeita com o que faz e que não se sente intimidada com os colegas homens, sendo ela a única menina no grupo que faz a manutenção das locomotivas do CFL, no Departamento das Unidades Múltiplas.
Aconselha as outras mulheres que não desistam dos seus sonhos, pois os desafios sempre existirão, o importante é fazer o que se sabe com gosto e profissionalismo. ”Hoje é possível a mulher fazer muita coisa, basta vontade e entrega”.
Jacira enaltece o apoio dos colegas que sempre a judam em qualquer situação, sendo uma equipa que trabalha unida para o bem comum, o desenvolvimemto da empresa, em particular, e do país, de uma maneira geral.
Em Angola, a mulher sempre demonstrou o seu empenho e espírito de coragem para enfrentar as adversidades como a defesa dos reinos e a luta pela independência e a conquista da paz.
Dados do Censo Geral da População e Habitação indicam que 52 por cento da população angolana é constituída por mulheres que diariamente lutam para o seu empoderamento e o seu envolvimento em todos os processos de desenvolvimento do país em vários domínios da vida.
Este ano, as actividades da jornada da mulher decorrem sob o lema “A participação activa das mulheres nas tecnologias de informação rumo a prosperidade social” com actividades nos domínios da participação política e cidadania, promoção da igualdade e equidade de género e empoderamento da mulher, além de homenagens a várias mulheres
A jornada Março Mulher deste ano visa saudar e celebrar as conquistas e a participação das mulheres para a educação digital, visando o seu envolvimento nas novas tecnologias e na equidade de género
O mês de Março é internacionalmente dedicado à Mulher pelo facto de a 2 e 8 se celebrarem o Dia da Mulher Angolana e o Internacional pela sua luta em prol da igualdade dos direitos civis.
O 2 de Março foi instituído em homenagem às heroínas angolanas Deolinda Rodrigues, Lucrécia Paim, Engrácia dos Santos, Irene Cohen, Teresa Afonso e outras mulheres anónimas pelo seu contributo na Luta de Libertação Nacional, em que se envolveram com assinalável sentimento patriótico.
Já o 8 de Março foi instituído em 1975 como Dia Internacional das Mulheres pelas Nações Unidas e é comemorado em mais de cem países. HDC/SEC/AL