Huambo - O Rei do Huambo, Artur Moço, desencorajou, esta sexta-feira, a comercialização de minas tradicionais, vulgo “talas”, usadas para prejudicar as pessoas.
O soberano falava à imprensa depois de uma visita a algumas vítimas da doença internadas em locais de tratamento tradicional, numa iniciativa da Câmara Profissional dos Terapeutas de Medicina Tradicional, Natural e Promotores da Saúde Reprodutiva em Angola na província do Huambo.
Na ocasião, Artur Moço mostrou-se indignado ao observar os elevados casos de cidadãos acometidos com tala, deixando-os em estado bastante debilitado, sem a possibilidade de se locomover e exercer o trabalho em boas condições.
Para o fim deste mal social, pediu um trabalho concertado entre as autoridades tradicionais e as comunidades, para identificar e denunciar os indivíduos que fabricam e comercializam minas tradicionais, de modo a serem encaminhados aos serviços de justiça.
Disse ser um fenómeno presente em diversas comunidades angolanas, definida como pragas ou um objecto qualquer, que pode ser um pó ou paus, que podem ser adquiridos em mercados ou entregues por um kimbandeiro ou curandeiro durante uma consulta, provocando infecções que afectam os tecidos do corpo humano.
Artur Moço disse sair triste da visita às clínicas de medicina tradicional e natural, ao observar doentes em estado grave, que já não conseguem andar, por culpa destes malfeitores, daí a necessidade de todas as forças vivas da sociedade encontrem uma saída, para travar esta onda que ameaça o sucesso das comunidades.
Relativamente ao atendimento dos centros médicos e clínicas tradicionais visitadas, o soberano disse que alguns possuem condições condignas para o tratamento dos cidadãos, enquanto outros precisam melhorar certos aspectos.
Por seu turno, o presidente da Câmara Profissional dos Terapeutas de Medicina Tradicional e Natural do Huambo, Adelino Sandambongo, lamentou o facto de existir muitos casos de mina tradicional nesta região, intoxicação e falta de dosagem certa na medicação, que criam problemas sérios na saúde dos pacientes.
Afirmou que o trabalho de campo serviu para aconselhar os filiados a não usarem de forma empírica os medicamentos naturais, bem como a não extorquir os cidadãos com promessas de curas impossíveis.
O responsável considerou positivo o diálogo entre os terapeutas tradicionais e os especialistas da medicina convencional, pelo facto de ambos terem o único objectivo a cura dos pacientes, de acordo com as suas competências.
Informou que a câmara controla na província do Huambo três mil e 350 terapeutas tradicionais e mais de 30 centros médicos reconhecidos.
Finito Candindile, paciente de uma das clínicas e vítima da tala, referiu que não sabe explicar como e em que circunstâncias apanhou a doença, desde Janeiro do corrente ano.
Disse estar a sentir-se melhor com o tratamento em curso, comparativamente aos últimos quatro meses.
Graciete Cândido, outra vítima da tala, contou que lhe foi colocada a "mina" tradicional juntamente com a sua mãe por pessoas até agora desconhecidas e o tratamento decorreu de forma satisfatória.
A medicina tradicional e natural em Angola é autorizada pelo Decreto Presidencial nº253/20, de 02 de Outubro. ZZN/JSV/ALH