Luanda – Angústia, dor e luto são palavras que, mais apropriadamente, resumem o percurso da Humanidade ao longo do ano de 2020, marcado por uma pandemia silenciosa e letal, a Covid-19, que deixou o Mundo em "alvoroço" e quase paralisou as economias mundiais, em geral, e a angolana, em particular.
Os últimos nove meses (Abril a Dezembro) do ano prestes a terminar foram de triste memória para os angolanos, confrontados com uma dura crise social e económica, por causa do vírus mortífero, que, apesar dos esforços, não para de se agigantar.
Tratou-se, pois, de um ano atípico e apertado para os mais de 30 milhões de habitantes em Angola, que viveram dias de autênticas incertezas, sem margens para erros.
A pandemia impactou fortemente na actividade socioeconómica e cultural dos angolanos, levando à quebra de quase toda a cadeia de produção, com reflexos graves no mercado de emprego e, consequentemente, no rendimento das famílias.
Os números falam por si e não deixam dúvidas de que o país recuou, ante à perigosidade da Covid-19, com a economia a registar uma desaceleração de 8,8 por cento no segundo trimestre do ano, comparativamente aos dados do mesmo período de 2019.
Face à desaceleração económica, o custo de vida aumentou e a taxa de desemprego deu sinais de alerta, elevando-se, no terceiro trimestre do ano, para 34 por cento, contra 32,7 do período análogo, conforme dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
A economia informal, que engloba a maioria da população angolana, situou-se em 79,6 por cento, sendo 69,6 por cento homens e 89,5 mulheres. A taxa de emprego informal revelou-se maior na área rural (92,3 por cento) em relação à urbana (66,0 por cento).
A julgar pelos dados ilustrativos, facilmente se percebe que o impacto da pandemia em Angola, à semelhança do resto do Mundo, foi bastante acentuado.
Foram, essencialmente, meses de readaptação e mudanças radicais no estilo de vida dos cidadãos, chamados para um isolamento forçado, sem direito de manifestar afecto, por via de beijos e abraços, a fim de cortarem a cadeia de transmissão do violento invasor invisível.
No entanto, apesar do seu impacto negativo, ao longo do ano corrente, nem tudo foi um caos, em Angola. O país conheceu momentos singulares, nos domínios social e económico, que fazem reacender uma ténue esperança num futuro melhor.
O Estado fez investimentos, tímidos mas significativos, em sectores estratégicos da economia, como a agricultura e a indústria, sem perder o foco nas questões sociais, com o domínio da saúde (construção de hospitais) a evidenciar-se.
Estas e outras realizações, cuja materialização exigiu esforços extras das autoridades angolanas, o leitor pode acompanhar neste Especial Retrospectiva2020 da ANGOP, com os momentos mais marcantes do ano, em vários domínios.
Neste trabalho, narramos os pontos altos e baixos do país, e como os angolanos se readaptaram ao novo normal, suportando o distanciamento físico imposto pelo Estado.