Ondjiva - O bispo da Diocese de Ondjiva (província do Cunene), Dom Pio Hipunhati, afirmou que o Canal de Transferência de Água do Rio Cunene a partir da região do Cafu vai resolver o problema secular da seca, trazendo inúmeras valias com o acesso da população e do gado a água.
Ao falar à ANGOP, Dom Pio Hipunhati disse acreditar que a entrada em funcionamento deste projecto contribuirá para a melhoria da vida socioeconómica das comunidades rurais.
Acrescentou que, com a conclusão deste canal, a população residente ao longo do trajecto terá acesso a água tratada mais próxima para o consumo humano, animal e irrigação de campos agrícolas.
Lembrou que, anteriormente, a população era obrigada a percorrer quilómetros de distância e partilhar água imprópria das chimpacas com os animais.
Segundo o líder religioso, a implementação de projectos estruturantes de combate à seca no Cunene foi idealizado já nos anos 60 pelo então administrador do Posto do Evale, José Neto, a fim de mitigar os efeitos desse fenómeno.
Encorajou o Executivo angolano a continuar a trabalhar na resolução dos problemas do povo, com particular realce para a materialização de projectos estruturantes que visam mitigar os efeitos da seca no Sul do país.
Dom Pio Hipunhati frisou, igualmente, à necessidade do arranque de outros projectos estruturantes de combate à seca em curso na região, com ênfase para a construção das barragens de Calucuve e Ndue, assim como da do Leão e do Monte Negro.
Apelou aos habitantes locais para protegerem e cuidarem do canal como propriedade colectiva, pois que nem todos tiveram a graça de receber projectos desta dimensão.
O Canal de Transferência de Água do Cafu representa o primeiro dos cinco projectos estruturantes de combate à seca na província do Cunene e comporta sistema de captação, bombagem e sistema pressurizado, avaliado em 44,3 mil milhões de kwanzas.
Constituído por dois lotes, o primeiro traduz-se na construção de um Centro de Captação de Água e Estação de bombagem de dois metros cúbicos por segundo, 47 quilómetros do canal aberto e 10 quilómetros da conduta pressurizada fechada, assim como das 10 chimpacas (revestidas com betão).
Já o segundo lote engloba a construção de dois canais condutores que partem da estrutura de derivação de caudais do canal condutor geral, ou seja, um Canal Condutor Oeste, que sai do Cuamato até Ndombondola, com extensão de 55 quilómetros, e outro Este, do Cuamato até Namacunde, com cerca de 53 quilómetros.
Este lote compreende, igualmente, a construção de 20 chimpacas, 60 bebedouros e seis casas para geladoras, que vão garantir a segurança e a gestão dos equipamentos.
O projecto vai beneficiar 235 mil habitantes, representando um terço da população do Cunene, assim como de 250 cabeças de gado e permitir a irrigação inicial de uma área de cinco mil hectares.