Massangano – A promoção da piscicultura ao longo do corredor do Kwanza, através da criação de tilápia (Cacusso), é apontada como uma das formas que o Executivo pode encontrar como fonte de rendimento de certas famílias nesse traçado sobretudo na região de Massangano (Cuanza Norte).
A sugestão é do reitor do Santuário da Nossa Senhora das Vitórias, em Massangano, frei António Gervázio Malindo, quando falava à ANGOP neste sábado, a propósito das inundações que afectaram campos agrícolas na circunscrição.
O religioso explicou que as inundações, que têm sido cíclicas nos últimos cinco anos, têm devastado os campos agrícolas das populações, deixando “muitas famílias com fome”.
Para o presbítero, a promoção da piscicultura, através da criação de tilápia (Cacusso), pode ser uma das formas que o Executivo encontraria como fonte de rendimento das famílias.
O frei António Gervázio Malindo argumentou as condições propícias existentes na região do corredor do Kwanza para promoção da piscicultura, no sentido de se mitigar os efeitos da fome decorrentes das inundações.
Já o regedor do município de Massangano, Miguel Cristo, apontou a construção das Barragens Hidroeléctricas no rio Kwanza como um dos motivos das inundações que ocorrem na região.
Frisou que antes da construção das barragens no rio Kwanza, as inundações ocorriam num ciclo de 10 anos, assinalando que a última que devastou a região ocorreu em 1960.
Miguel Cristo explicou que as margens do rio Kwanza possuem terras férteis que ao longo dos anos são aproveitadas pela população, fruto de uma tradição cultural deixada pelos ancestrais.
Adão Domingos, residente na Aldeia Piloto, em Massangano, informou que a sua produção estimada em mais de um hectare composta por bananal, mandioca e outras foram todas consumidas pela água.
Maria Zumba, que igualmente viu o seu campo danificado, questionou a abertura das comportas no mês de Janeiro, já que o habitual tem sido entre os meses de Março e Abril, período em que as culturas ficam prontas a ser colhidas.
O administrador interino de Massangano, Manuel Pascoal, informou que maior parte dos terrenos férteis foram cedidos a supostos empresários que não produzem, dificultando a vida da população.
Informou que a Administração Municipal está a trabalhar num plano que visa o realojamento da população que vive em locais de risco para zonas seguras, bem como a distribuição de terras para o cultivo.
Manuel Pascoal apontou as aldeias de Ngolo, Cainda, Cassequele, Cambondo, Quixingango, Lola, Caculundo, Mulende, Maculumbi e Cagia de Mulende, como as mais afectadas pelas cheias.
A Rede Nacional de Transporte de Electricidade (RNT-EP) está a efectuar desde o dia 6 do mês corrente a desconfluência de água das Barragens de Laúca e Cambambe em função da "subida natural" do caudal do Rio Kwanza, fruto das constantes chuvas na região.
A abertura das comportas destes Aproveitamentos Hidroeléctricos está a provocar inundações no baixo Kwanza. EFM/IMA/SEC