Dondo - Mais de sessenta pescadores residentes na aldeia do Ngolome, município de Cambambe (Cuanza Norte), vandalizaram recentemente o Observatório local de Pesca Artesanal, devido à proibição da actividade com recurso a técnicas e material impróprio.
Os revoltosos retiraram das instalações 59 redes apreendidas, destruíram alguns utensílios e agrediram um efectivo da fiscalização pesqueira.
Em causa, está a proibição do uso de redes de malha inferior a 37, 5 polegadas, da prática de pesca de arrastão e de muduco (uso de instrumentos sonoros em cercos para captura do pescado).
Em declarações à ANGOP, esta terça-feira, o responsável da Fiscalização na comuna, Francisco Manuel, explicou que estas práticas são bastante agressivas, pois, além de perturbar o cardume, resultam na captura de grande quantidade de peixe miúdo e de outras espécies aquáticas.
Os pescadores desrespeitam também a época de desova, anualmente verificada entre os meses de Fevereiro e Maio, para permitir a reprodução do pescado.
Por esta situação, os fiscais suspenderam a actividade, com medo de serem atacados no interior da lagoa.
O responsável da Secção de Pescas da Administração Municipal de Cambambe, Fernando Cardoso, referiu que, em consequência das constantes violações às regras de pesca, muitas lagoas da região deixaram de produzir peixe de qualidade, provocando a migração de pescadores.
A instituição está a trabalhar na sensibilização dos pescadores, para se absterem destas práticas e evitar-se o colapso das lagoas.
Com 99 lagos piscatórios, a lagoa do Ngolome está situada na aldeia com o mesmo nome, na comuna de Massangano, município de Cambambe. Tem uma extensão de 14 quilómetros e nela predominam espécies como cacusso, mussolo, bagre, tainha, pelar e dibe.
A aldeia do Ngolome fica a 75 quilómetros da cidade do Dondo, sede do município de Cambambe, tem perto de mil e 500 habitantes, dos quais cerca de 600 são pescadores. MF/IMA/CRB