Luanda - O primeiro dia de trabalhos do VII Congresso Ordinário da OMA, que deverá eleger a jornalista Joana Tomás ao cargo de secretária-geral da organização, decorreu num ambiente festivo, com música, dança e teatro, a mistura com política, em tempos de mudança.
As delegadas provenientes das 18 províncias do país, bem como as participantes que, por videoconferência, acompanharam os trabalhos deste primeiro dia do conclave, iniciados às 10h30 desta quinta-feira e terminados às 18h40, apenas com intervalo de uma hora para almoço, anseiam pelo momento do anúnicio da nova secretário-geral da OMA, a ocorrer na sexta-feira.
A sessão da manhã começou com música gospel. Lioth Cassoma cantou e encantou os presentes com “Clames”, o louvor que mora na boca dos angolanos.
A secretária-geral cessante, Luzia Inglês ”Inga”, visivelmente emocionada, fez um discurso de despedida, depois de 22 anos ao serviço da Organização da Mulher Angolana e honrou o Presidente do MPLA, João Lourenço, com uma lembrança, a insígnia da OMA em acrílico, depois de ter recebido deste uma salva de prata.
Para o momento cultural, subiram ao palco os humoristas Lembinha e Sidónia, que, de forma divertida, fizeram trocadilhos com questões ligadas à luta pela emancipação da mulher, como a inclusão, o empoderamento e a participação igualitária, assuntos que encerram o lema do Congresso.
O músico Matias Damásio deu um "show" com o “Amar Angola” e pôs a sala de pé a cantar “eu amo a minha Angola, terra, minha mãe e por ela, juro, vou trabalhar”.
Mil e 500 mulheres, entre os 21 e os 86 anos de idade, filiadas à organização feminina do MPLA participam nesta magna reunião que pretende fazer história com o voto na mudança geracional da liderança.
Para Luísa Chongolola, a delegada mais velha, com 86 anos de idade, o momento é impar: “está, realmente, na hora de darmos oportunidade à nova geração. Angola precisa desta mudança para se desenvolver, em paz e com todos reconciliados”.
Tia Luísa, como lhe chamam as mais novas, disse que qualquer mudança para o bem só traz desenvolvimento, considerando imperativo a criação de condições para um futuro melhor, algo que "só acontece com paz, trabalho e harmonia entre os homens".
Recordou-se da sua trajectória no MPLA, que "começou de repente". Revelou que sempre foi dada aos estudos, mas por altura do seu exame da 4ª classe reprovou e, quando, por razões alheias a sua vontade, teve que se deslocar a Lisboa na companhia dos irmãos mais velhos, aproveitou e requereu o exame, em Oeiras e passou.
“Nessa altura conheci muitos revolucionários e, portanto, quando regressei a Luanda a politica já me estava no sangue. Entrei no MPLA em 1959 e na OMA em 1962, no ano da sua fundação”, lembrou.
Trabalhou com todas as secretarias-gerais da OMA, nomedamente Luísa Pereira Inglês, Maria Carlos, Ruth Neto e Luzia Inglês "Inga", e ainda vai eleger a nova líder da organização, mas “já sem o mesmo fervor de outrora”, segundo seu desabafo.
Já a delegada mais nova, Madalena Simão Malungo, de 21 anos de idade, actual secretária municipal da OMA em Massango, província de Malanje, qualificou a sua presença no Congresso como a realização de um sonho.
“Desde muito pequena vi mulheres brilhantes, na minha terra, a fazerem coisas incríveis, a dedicarem-se a causas impossíveis sempre vitoriosas. Então decidi que queria ser como elas. Os meus exemplos são as camaradas Zenaide Mulongo e Joana de Jesus, heroínas que têm ajudado muitas meninas a querer mudar de vida”, confessou.
Madalena Malungo pretende ser juíza e está a preparar-se para lutar por um mundo mais justo para as mulheres e sem violência.
Os trabalhos do VII congresso prosseguem sexta-feira com a apresentação do relatório eleitoral, a discussão e votação do Programa de Acção 2021-2025 e dos ajustes aos Estatutos da OMA, entre outros pontos.