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Nuriana Moutinho – A mulher “faz tudo” da construção civil

     Sociedade              
  • Moxico • Sexta, 29 Março de 2024 | 13h33
Jovem Núria"Pedreira"
Jovem Núria"Pedreira"
Kinda Kyungu - ANGOP

Luena – Na ponta final de Março, mês consagrado ao reconhecimento do contributo das mulheres na transformação das sociedades, a ANGOP narra a história de uma mulher de apenas 27 anos, que se tem destacado no ramo da construção civil, rompendo todos os preconceitos sociais para se tornar numa profissional de excelência.

Por Isalvina Upite, jornalista da ANGOP

Trata-se de Nuriana Moutinho, uma mulher natural de Luanda (capital do país), com passagem pela província do Cunene, antes de se fixar no Moxico, há mais de três anos.

Na cidade do Luena, capital provincial do Moxico, muito cedo, afirmou-se no mercado da construção civil, uma área de trabalho “quase virgem” ou pouco explorada por mulheres face às suas complexidades.

Nuriana é detentora de um amplo conhecimento na área da construção civil, sendo especialista em alvenaria (pedreira), ladrilhagem e electricidade, habilidades que lhe valeram o título de “mulher faz tudo” por parte dos colegas de trabalho, fundamentalmente pela capacidade de tornar as coisas fáceis.

Ao partilhar a sua experiência de vida e trabalho, disse à ANGOP que descobriu a sua inclinação e paixão pelo ramo da construção civil, durante a infância.

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“Desde pequena que sentia vontade de dar cor e vida às estruturas que observava”, disse a interlocutora, actualmente casada com um professor.

Durante a trajectória estudantil, a paixão pela área de construção foi crescendo cada vez mais em Nuriana, facto que a levou a terminar o ensino médio com distinção, no meio de um grupo dominado por cidadãos do sexo oposto.

Para adquirir novas valências e consolidar o aprendizado na área técnica, decidiu, em 2018, experimentar novos desafios, dando início ao curso superior de Engenharia Hidráulica, na Universidade Mandume Ya Ndemufayo, na província do Cunene.

Nessa nova versão, Nuriana manteve o foco e o entusiasmo para concluir o curso de Engenharia Hidráulica com excelência, com vista a cimentar-se no mercado do trabalho e conseguir o primeiro emprego.

Foram dois anos de muita dedicação, disse, até que no terceiro  ano do curso começou a ser abalada por dificuldades financeiras, ficando impedida de dar seguimento aos estudos académicos.

Face a este cenário, Nuriana, que se transferiu para a província do Moxico, após contrair o matrimónio, revitalizou o gosto pelo mundo da construção, participando em vários projectos onde era convidada, para colmatar as dificuldades financeiras, entretanto, mantendo viva a esperança de um dia concluir o curso de Engenharia Hidráulica.

Apesar da complexidade do trabalho, que exige rapidez nos cálculos, por exemplo, para a montagem do sistema eléctrico de uma obra, disse que tem sabido corresponder à pressão e à natureza da profissão, recebendo admiração e elogios dos colegas de profissão.

Entretanto, no princípio, essa tarefa foi hercúlea, porque muitas vezes, em diferentes empreitadas, teve de redobrar do trabalho para comprovar o seu potencial, uma vez que era subestimada pelos companheiros de trabalho.

“As vezes é estranho ser a única mulher no meio de vários homens, mas isso me dá a certeza (de) que estou no lugar certo e que sou capaz de cumprir qualquer desafio”, disse de forma entusiasmada.

Viriato Tomás e Manuel Tchinhama, ambos colegas de trabalho, confessaram à ANGOP que Nuriana é profissional competente, talentosa e comprometida com as suas obrigações dentro de equipa.

“No princípio, não acreditamos nela, mas em pouco tempo conseguimos perceber que se tratava de um grande talento, que acrescentou valores à equipa", disse Viriato.

Manuel Tchinhama destacou igualmente a humildade e a simplicidade da colega.

"É a nossa conselheira e conforto, que queremos sempre por perto", revelou.

Ainda assim, Nuriana não escondeu o quanto é desafiante e cansativa a profissão, que a obriga a levantar, diariamente, às cinco da manhã para, primeiro cumprir com o trabalho doméstico, e depois assumir os compromissos laborais. Confessa, entretanto, que  o apoio familiar, em particular do esposo, tem sido salutar e determinante para prosseguir com a sua carreira.

 

A participação no projecto de construção do edifício que poderá albergar os gabinetes provinciais do Moxico, em fase conclusiva, com 28 compartimentos, é o projecto que mais impactou Nuria.

“Naquele projecto trabalhei como ladrilhador e electricista do edifício e foi bastante desafiante”, disse.

Na senda de projectos, a jovem “mulher faz tudo” lamentou pelo facto de o mercado do trabalho, a nível da província, ser “apertado”, devido à carência de empresas que actuam na área, fazendo com que as suas habilidades não sejam completamente exploradas, pelo facto de os trabalhos serem esporádicos.

“O sector aqui ainda é dominado pelos chineses, e eles pagam mal, gostam de mão-de-obra barata ", lamentou.

Esta situação tem gerado dificuldades financeiras, inviabilizando a manutenção de uma fonte de renda fixa.

Apesar disso, a jovem mulher mantém a esperança de vir a fazer parte de um grande projecto, no processo de reconstrução e desenvolvimento do país, apelando a outras mulheres para romper o medo e o estigma perante uma profissão pela qual têm paixão.

“Com força de vontade, dedicação, dinamismo e foco podemos conseguir grandes coisas”, concluiu. ISAU/TC/YD/IZ





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