Massangano – A Administração Municipal de Massangano (Cuanza-Norte) vai distribuir, no presente ano, terrenos para habitação e prática da agricultura em áreas mais seguras, anunciou hoje, segunda-feira, o seu administrador interino, Manuel Pascoal.
O responsável falava à propósito da deslocação de alguns munícipes de Massangano que, na sequência das inundações causadas pela abertura das comportas das barragens de Laúca (Malanje) e Cambambe (Cuanza-Norte), procuram por pontos mais altos para abrigos provisórios.
Segundo Manuel Pascoal, uma parte dos munícipes está a erguer moradias provisórias em zonas mais seguras e a outra está a regressar para o Dondo.
Alguns têm residência definitiva na cidade do Dondo, mas como trabalham em Massangano, optam por ter também residência nesta localidade.
A região de Massangano é banhada pelos rios Kwanza e Lucala e nesta fase de chuvas transbordam e causam estragos quer em campos de produção agrícola, como em moradias de agricultores e pescadores.
As cheias afectaram também campos de cultivo nas aldeias de Ngolo, Cainda, Cassequele, Cambondo, Quixingango, Lola, Caculundo, Mulende, Maculumbi e Cagia de Mulende.
Adão Domingos, residente na Aldeia Piloto, informou que a sua produção estimada em mais de um hectare de banana, mandioca e outras culturas foi consumida pela água.
Explicou que quer os aldeões, que cultivaram nas bermas das lagoas de Kiombe, no rio Lucala, como os da lagoa de Sanguela, no rio Kwanza, perderam as culturas.
Já Maria Zumba, que igualmente viu o seu campo destruído, questionou a abertura das comportas destas barragens no mês de Janeiro, já que o habitual tem sido entre os meses de Março e Abril, período em que as culturas ficam prontas para a colheita.
A anciã adiantou que teve de colher os produtos de forma prematura para aproveitar algum alimento para os filhos.
Para a camponesa, esta situação vai agudizar a fome na região.
Teresa Tunda, outra produtora na região, pediu a intervenção do Governo para acudir as famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade.
Questionado sobre a insistência da população em permanecer e cultivar nesta região, o regedor de Massangano Miguel Cristo apontou questões culturais, reforçando que as margens dos dois rios têm terras férteis que ao longo dos anos são cultivadas pela população, fruto de uma tradição cultural.
Contou que antes da construção das barragens no rio Kwanza, as inundações ocorriam num ciclo de 10 anos. A última que devastou o município aconteceu em 1961.
A Rede Nacional de Transporte de Electricidade (RNT-EP) efectua, desde o dia 6 deste mês, a desconfluência de água das barragens de Laúca e Cambambe em função da "subida natural" do caudal do Rio Kwanza, fruto das constantes chuvas que caem na região. EFM/IMA/OHA