Lobito - O alcance da igualdade plena, a discriminação, a violência de género e as barreiras institucionais continuam a ser desafios enfrentados pelas mulheres africanas, afirmou, esta quarta-feira, a vice-governadora de Benguela para a área Política, Económica e Social.
Lídia Amaro discursava numa palestra sobre o Dia da Mulher Africana, celebrado hoje, e apelou a união de homens e mulheres numa luta colectiva para um futuro onde o género feminino tenha mais liberdade de sonhar e realizar os seus objectivos.
"A responsabilidade não é apenas das mulheres, mas de toda a sociedade", alertou.
Lídia Amaro defende que é uma obrigação promover-se um ambiente político e social que garanta oportunidade e igualdade, apostando em iniciativas que promovam o desenvolvimento de uma inclusão real e combatam todas as formas de discriminação.
"Hoje, quero dedicar o meu louvor às heroínas da actualidade, que enfrentam diariamente desafios inimagináveis em prol da sobrevivência das suas famílias, cuja força e resiliência são exemplo para todas as mulheres", enfatizou.
A vice-governadora recordou figuras históricas como Wangari Muta Maathai, primeira mulher africana a ganhar o prémio Nobel da Paz, pela sua contribuição ao desenvolvimento sustentável e democracia, e de Miriam Makeba, cuja " voz poderosa" se tornou no símbolo da resistência contra o apartheid na África do Sul.
"Ao longo da história de Angola, as mulheres desempenharam papéis essenciais, tanto na vida quotidiana, como em momentos críticos da luta pela independência e pela paz", lembrou.
Falou também da necessidade de enaltecer os feitos de mulheres anónimas como as zungueiras, as agricultoras, peixeiras e de demais sectores que, todos os dias, alimentam as suas famílias e comunidades.
Palestra sobre o Dia da Mulher Africana
A conquista africana em prol da igualdade do género e o emponderamento da mulher foi um dos temas que animou a palestra sobre a efeméride.
Isaura Santos, professora universitária, que apresentou o tema, afirmou que tem sido uma conquista dura.
"Estamos a nos capacitar para poder atingir a igualdade do género e o emponderamento da mulher", considerou.
Disse, no entanto, que esse emponderamento só será possível com Educação e liberdade para a mulher poder conquistar o seu espaço na sociedade.
"Há muitos desafios que temos de ultrapassar, mas paulatinamente estamos a avançar", afirmou.
Isaura Santos deu o exemplo de mulheres nomeadas pelo Presidente da República, João Lourenço, para altos cargos a nível político e social, como forma de motivá-las a mostrar todo seu saber para atingirem a excelência.
Por outro lado, Estrela Francisco, outra protectora, falou sobre o Impacto da mulher na vida agrícola e também sobre questões ambientais, emponderamento e igualdade do género.
Para ela, a grande dificuldade das mulheres tem a ver com a falta de acesso a informações na comunidade rural e de distribuição equitativa dos insumos agrícolas.
Sugeriu como melhoria a participação da mulher nos espaços de tomada de decisão a nível das cooperativas.
Na ocasião, foi destacada uma equipa de saúde, composta por dois médicos, três enfermeiros e um emergencista, para acautelar medidas preventivas de saúde.
Segundo Hilário Alberto, técnico de saúde, onde há muita gente acumulada é necessário a presença de uma equipa médica para intervir, principalmente, em casos de hipertensão e desmaios.
Sob o lema: "Investir na Educação, garantir o futuro das mulheres e raparigas de África", as senhoras representaram simbolicamente os 52 países africanos, exibindo bandeiras e saudando nalgumas línguas tradicionais e também oficiais como o português, o inglês e o francês.
O 31 de Julho foi instituído como Dia da Mulher Africana em 1962, na cidade de Dar-es-salam, Tanzânia, com vista a discutir o papel feminino em vários fóruns do continente. TC/CRB