Lubango - Quatrocentas e 20 mulheres de vários estratos sociais marcharam, neste sábado, na cidade do Lubango, província da Huíla, a favor do combate à fístula obstétrica, um evento promovido pelo Comité Miss-Huíla e parceiros, sob o lema” Mulheres Unidas pela Mesma Causa” .
Fístula obstétrica é uma ruptura no canal vaginal que causa incontinência e leva à exclusão social de milhares de mulheres, por isso é nas comunidades designada como “doença da pouca-vergonha”. As suas principais causas são partos prolongados e obstruídos, especialmente em zonas onde o acesso a cuidados obstétricos é restrito.
A marcha teve como ponto de partida o jardim da Maternidade “Irene Neto” e culminou no complexo de Nossa Senhora do Monte, num percurso de sete quilómetros.
Em declarações à ANGOP, o presidente do Comité Miss Huíla, Yuri Chico, afirmou que a iniciativa tem como objectivo solidarizaram-se com as mulheres que vivem com essa situação e ao mesmo tempo chamar a atenção para uma assistência de maior qualidade a essa franja.
Destacou que para além da situação de saúde da mulher, a marcha versou, igualmente, olhar para o combate à vandalização dos bens públicos e que tem afectado várias províncias do país.
Entretanto, o médico obstetra da Maternidade "Irene Neto", António Chiloia, fez saber que a fístula obstétrica não é uma doença como tal, mas uma complicação do parto e é mais frequente em pacientes gestantes que optam pelo parto ao domicílio.
Salientou que as mulheres ao tentarem fazer parto demorado em casa, chegam às unidades sanitárias com complicações, geralmente vinda do interior dos municípios, depois de estarem mais de 24 horas em trabalho de parto.
"Recebemos em média mensal 10 casos dessa natureza na Maternidade, mas asseguramos que tem cura em duas vertentes, tanto no tratamento profilático, evitando os partos em casa e as gravidezes precoce, porque às vezes a cabeça fetal pode ser maior em relação a pelve materna, assim como no tratamento definitivo que é cirúrgico", elucidou. BP/MS