Luanda - Muitas instituições do Estado gastam elevadas somas financeiras para a produção de Spots Publicitários, mas "nunca têm dinheiro para pagar a veiculação destes conteúdos na Media Pública", revelou terça-feira, em Luanda, o director nacional de Publicidade, José Cuato.
"(.....) Os órgãos institucionais do Estado têm todo o direito para fazer todas as campanhas, mas nunca têm dinheiro para pagar publicidade. Pagam spot de cem milhões de kwanzas, mas não têm dez a cinco milhões de kuanzas para pagar os órgãos de comunicação social", lamentou.
Face a isso, disse, o Ministério das Telecomunicações, Tecnologia de Informação e Comunicação Social está preocupado porque entende que publicidade é muito importante para o financiamento dos órgãos de Comunicação Social, sobretudo os públicos.
Ao discursar no lançamento do sétimo Anuário de Publicidade/2024, promovido pelo IAOP (Instituto Angolano de Opinião Pública), esta terça-feira, o director nacional da publicidade referiu que se se financiar os Órgãos de Comunicação Social, estar-se-á a financiar também a própria democracia.
"Numa análise global do investimento publicitário em 2023, verificou-se um aumento de 3,27%, comparativamente ao ano anterior, e também com um acréscimo de 26,6% no número total de inserções, tendo a Televisão sido o meio principal para este valor", revelou.
José Cuato referiu que este resultado se deve ao acréscismo do investimento no primeiro trimestre de 2023 e nos meses de Setembro e Outubro, sendo que do total dos três meios monitorizados pelo IAOP, as marcas do sector privado que mais investiram foram a Zap, Unitel, Dstv e Africell.
Acrescentou que, a nível institucional, o Governo de Angola representou, em 2023, sete por cento do total de investimento contra 12% em 2022.
De acordo com o director nacional de Publicidade, traçou-se uma estratégia de médio e longo prazos para o mercado publicitário, onde se definiu um conjunto de eixos fundamentais para se olhar o mercado com alguma preocupação.
“Temos uma visão de regulação mista no futuro, na qual o Estado se concentra com aquilo que é essencial e o resto fica para a auto-regulação”, salientou.
José Cuato considera que o Estado asfixia muito esse mercado, podendo pôr em causa a liberdade da criação e criatividade, porquanto, às vezes, cabe ao próprio mercado definir limites éticos para o exercício da actividade ou para a comunicação comercial.
Sublinhou que o mercado publicitário está a ressentir, como outros, a crise financeira. Ainda assim, salientou que, comparando com o ano d2023, houve evolução em termos de investimentos.
“Quero também partilhar convosco a nossa preocupação. É que todos os anos o peso do Governo no investimento publicitário é muito grande, e os que trabalham nisso sabem qual é o impacto negativo que isso tem, na medida que o Estado acaba por não pagar a publicidade”, reiterou.
Segundo o responsável, está-se a olhar com alguma preocupação esse assunto, para uma proposta ou Decreto Presidencial, que vai regular a publicidade institucional do Estado.
Angop/ECC/MDS