Ondjiva- O Instituto Nacional da Criança (INAC) no Cunene está a trabalhar na sensibilização das famílias para consciencializa-las sobre o risco da imigração de crianças angolanas para República da Namíbia, a fim de realizarem trabalhos nas fazendas agropecuárias.
Em declarações esta quinta-feira à ANGOP, o director do INAC no Cunene, Hélder dos Santos, admitiu a necessidade do reforço da educação e consciencialização das famílias para assumirem o compromisso de não colocar a criança em situação de risco, nem num contexto de extrema pobreza.
Nesta senda, disse que o INAC tem vindo a trabalhar na sensibilização comunitária, contra a exploração das crianças e adolescentes, realçando que as mesmas alegam o problema da fome, derivado da seca.
Hélder dos Santos considerou a situação “preocupante”, porque as crianças estão mais expostas a trabalhos forçados, o que constitui um acto de exploração infantil, assim como um risco para o tráfico de pessoas.
Argumentou que informações existentes dão conta que as condições de vida destes menores na Namíbia não são as melhores e recebem apenas o pagamento no final do ano.
Esclareceu que devido a falta de contrato, outros não chegam a beneficiar de valores prometidos, alegando a perda de um animal, desconto da alimentação, entre outras desculpas por parte dos patrões.
O responsável disse serem crianças com idades entre 9 aos 15 anos, provenientes do corredor do Humbe, Mucupe, Manquete Tchiteve , Santa Teresinha e Mulundo, que são atraídas para a Namíbia, no sentido de pastar bois e cabritos, comércio e outros serviços domésticos.
Apontou ainda o fenómeno da venda ambulante de bebidas, cigarros, artesanato e outros produtos, em que estão envolvidos menores, adolescentes e jovens, não só do Cunene, mas também das províncias da Huíla e Namibe na região de Oshikango.
“São crianças e adolescentes provenientes do interior da província e outros residentes na orla fronteiriça, influenciados por parentes que passam em caminhos não autorizados para atingirem o país vizinho”, fundamentou.
O responsável disse que devido a extensão, vulnerabilidade da orla fronteiriça e o "modus vivendi" das populações locais, é difícil precisar o número exacto de menores que fazem este trabalho.
Por este facto, falou da necessidade de uma maior intervenção do Estado angolano, no sentido de trabalhar com as autoridades namibianas, para contrapor a situação.FI/LHE/ART