Cuito – Os participantes ao Fórum Provincial da Mulher Rural no Bié recomendaram esta sexta-feira, no Cuito, a implementação do Instituto Geográfico e Cadastral de Angola (IGCA) nos municípios, com vista a desburocratizar o processo de concessão de terras.
A ideia apresentada de forma unânime pelos participantes serve ainda para facilitar o tratamento de outra documentação individual exigidas aos camponeses, que só são emitidos nas sedes capitais.
Para o administrador adjunto da Nhârea, Francisco Xavier Satchombe, a implementação dos gabinetes do IGCA no interior da província poderá garantir maior celeridade na emissão dos processos exigidos pela banca.
“Os camponeses associados em cooperativas, as vezes sem grandes recursos, são obrigados a se deslocar ao Cuito, para tratar dos principais documentos”, referiu.
O município da Nhârea, por exemplo, dispõe de 380 aldeias, onde quase todas as famílias são camponesas.
A nível da administração local, Francisco Xavier Satchombe disse ser um desafio muito grande apoiar famílias desprovidas de qualquer documento.
Nesta municipalidade, até a presente data, apenas 27 associações de camponeses ascenderam para cooperativas, que estão devidamente formalizadas.
As mesmas beneficiam frequentemente de apoios do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) e outros ligados aos ex-militares, como tractores, alfaias e sementes.
Apesar das transferências de competências dos governos provinciais para as administrações municipais serem já um facto, no entender do administrador adjunto de Camacupa, Albino Mulanda Caioca, ainda há serviços chaves para as comunidades que só existem nas sedes capitais.
Nesta conformidade, o responsável defendeu a celeridade no processo de transferência das competências, dando prioridade ao dossiê do campo, para melhor assistir os camponeses.
Portanto, realçou o interesse das famílias daquele município continuarem a trabalhar fundamentalmente no cultivo do arroz, feijão, milho e outros, porém, sentem-se impedidos por falta de apoios para o efeito.
Admitiu que, por falta de documentação, estas famílias com uma componente financeira baixa perdem os financiamentos, por isso, também solicitou a criação do gabinete do IGCA na vila.
Por sua vez, o administrador adjunto do Andulo, Justino Cassoma Covi, realçou que a falta deste gabinete tem estado a travar a vontade das famílias se organizarem em cooperativas, mesmo havendo já um número considerável de associações.
Porém, destacou a criação de uma cooperativa unicamente constituída por mulheres na sua localidade, que tem vindo a dar passos satisfatórios na produção do milho, feijão, bata-rena e frutas.
A mesma trabalha igualmente na organização de compotas para a conservação dos produtos que chegam também aos mercados do Cunhinga, Cuito e Chinguar.
No total, o município do Andulo tem 480 associações de camponeses, 42 cooperativas agrícolas constituídas, quatro clubes rurais e controla um total de 254 escolas de campo, onde são ministradas também aulas de alfabetização.
O encontro, que decorreu sob o lema “Mulher no meio rural a chave para o desenvolvimento”, foi presidido pela vice-governadora do Bié para os sectores político, económico e social, Alcida de Jesus Camatele Sandumbo.
Analisou aspectos ligados a importância da agricultura familiar para o desenvolvimento das comunidades e outros.
O Dia Internacional da Mulher no Meio Rural celebra-se a 15 de Outubro.LB/PLB