Lubango – A centésima vigésima segunda edição das tradicionais Festas de Nossa Senhora do Monte, a padroeira da cidade do Lubango, capital da província da Huíla, inicia nesta quinta-feira, com a bênção religiosa do arcebispo Dom Gabriel Mbilingi e um espectáculo musical de Edmásia Mayembe.
Todos os anos, desde 1902, a cidade do Lubango é palco das Festas da Senhora do Monte que acontecem durante o mês de Agosto.
A tradição tem origem em manifestações religiosas importadas da região autónoma da Madeira, em Portugal e até hoje é celebrada de forma efusiva pela sociedade huilana, onde se destacam actividades socioeconómicas, desportivas e culturais.
Para além do seu papel histórico, esse centenário evento é um ícone da identidade da Huíla e uma janela para apresentar ao mundo a sua diversidade social, económica e cultural.
A Expo-Huíla, a Feira Agro-pecuária, a Procissão de Velas à Nossa Senhora da Conceição, os 200 Quilómetros da Huíla em automobilismo e em motos, assim como a gala de eleição da Miss Huíla são os expoentes máximos do certame.
Numa mensagem publicada pelo Comité de Festas, o governador da Huíla, Nuno Mahapi, assinala que o evento é uma herança cultural e tradicional que se solidifica de geração para geração, pois é um momento de elevação da identidade huilana e de fortalecimento do tecido social, valorizando raízes e cultivando um senso de pertença.
As Festas de Agosto, realça o governador, desempenham um papel fundamental na promoção do turismo e da economia local, atraindo visitantes de diversas regiões, gerando o comércio e os serviços, afigurando-se como uma oportunidade para a Huíla mostrar ao mundo o que tem de melhor, seja através do acolhimento, da gastronomia, da música, das artes ou das tradições.
“Por isso, é essencial que todos nós, enquanto comunidade, nos unamos para preservar e valorizar as nossas festas, colaborando com as autoridades locais, respeitando as normas de segurança e contribuindo para que os diferentes eventos ocorram de forma harmoniosa e inclusiva”, sinaliza Nuno Mahapi.
Aos huilanos, o gestor exortou a um envolvimento social solidário e proactivo na edificação da efeméride, augurando que o evento continue a ser um momento de alegria, união e celebração, onde cada um possa fazer parte dessa história.
O programa cultural traz como cartazes um show dos 38 anos da cantora Ary, com a participação de Yuri da Cunha, a 09 de Agosto, a festa multi-cultural Siga La Luna no dia seguinte e a quarta edição do Festi Huíla, no dia 17, com uma carteira de 20 artistas, com destaque para C4 Pedro, Yannik Afroman, Jhonny Berry, Cef, Cage One, Jéssica Ningui, Dj Loló, Anderson Mário, Rap Gang e Rui Orlando.
Aos sábados e domingos estão agendados os chamados “Palcos da Música” e concursos de dança. Está, também, agendado o “Festival Paulo Flores”, que tem a cabeça o artista que dá nome ao evento, que vai encerrar o programa geral no dia 31 de Agosto.
A primeira edição das Festas, conforme o Boletim Municipal da Câmara de Sá da Bandeira (1971), ocorreu a 15 de Agosto de 1902.
A génese do evento sempre foi a capelinha, local em que os devotos provenientes da Madeira (Portugal) que solicitaram em 1901 ao pároco de S. José do Lubango e ao Padre Manuel Francisco Pessoa da Luz, um patrocínio para a edificação da capela
Fontes históricas indicam que a construção da capela foi marcada por duas fases distintas ao longo do tempo, sendo a primeira, iniciada na edificação da capela primitiva, orientada pelo pedreiro Jacinto Rodrigues e o carpinteiro João da Silva, em 1902.
A primeira missa campal foi celebrada a 15 de Agosto de 1902, ainda com a capela em construção. A partir do ano seguinte (1903), a população do Lubango passou a dirigir-se à capela para celebrar a romaria que se tornou tradicional, mas as obras só terminaram em 1921. MS