Cuito - Setenta e sete por cento das crianças de rua, existentes na capital da província do Bié (Cuito), possuem abrigo, lar, pais ou encarregados de educação.
Esses dados constam de um estudo apresentado nesta terça-feira por docentes universitários da Instituto Superior Politécnico do Bié,
no âmbito do I Fórum de Municipalização da Acção Social, promovido pelo Governo.
O inquérito foi realizado de Dezembro de 2021 à presente data.
Os dados concluem ainda que a média da idade dos menores de rua é de 11 anos e estão localizados nas padarias, com 28 por cento, na centralidade Belo-Horizonte, com 25, nos armazéns, com 22, mercado informal, com 18, e o mercado formal, com 7 por cento.
O estudo avança também que 90 por cento destas crianças gostaria de ser funcionário público, sobretudo nos ministérios do interior, educação, saúde e nas Forças Armadas Angolanas, apesar de algumas carecerem de oportunidades de estudos.
Noventa por cento das crianças, segundo o estudo, estão na rua em está em busca de satisfação das suas necessidades e da desestruturação das famílias.
Por isso, recomenda-se a necessidade do Governo e parceiros sociais aprimorarem as condições de acolhimento, assim como as famílias devem assumir o seu real papel, visando acabar com o fenómeno de crianças na e da rua, não só a nível da cidade do Cuito, mas sim um pouco por toda a província.
Entretanto, em declarações à Angop, o director do Instituto Nacional da Criança (INAC) no Bié, Vasco Cambovo, sublinhou que, durante o ano passado, houve o registo de 54 petizes encontrados nas ruas e apoiados pelas autoridades, sobretudo no município do Cuito.
Vasco Cambovo adiantou também que, em 2021, foram notificados 255 casos de violência física contra os menores, 145 violência psicológica, 25 abusos sexuais e quatro tentativas, 134 casos de fuga à paternidade e 404 registos de exploração ao trabalho infantil em toda província.
Por outro lado, o Gabinete da Acção Social, Família e Igualdade do Género Notificou, no ano passado, 40 queixas contra violência doméstica, apresentadas por homens, relacionados com a infidelidade, falta de transparência na gestão orçamental do lar e mulheres que constroem residência sem o conhecimento do parceiro.
No mesmo período houve outros 213 casos de violências, perpetuadas por homens e mulheres a nível do Bié. Destas, 198 foram por abandono familiar, 23 violência psicológicas, enquanto a física sofreram 22 pessoas, sendo 15 mulheres e sete homens.
Durante o certame, os participantes debateram temas como avaliação conjunta do grau de implementação das principais acções, desafios e resultados alcançados em 2021, apresentação dos principais resultados do APROSOC, da Municipalização da Acção Social dos municípios do Andulo e Catabola.
Constaram ainda assuntos relacionados com apresentação do sector de protecção à criança, situação delituosa dos menores, resultados do Kwenda no Bié e apresentação dos resultados dos estudos sobre a situação de crianças de e na rua na cidade do Cuito, entre outros.