Menongue - A contínua valorização e disseminação das línguas nacionais nas famílias, a partir das comunidades, para que desde cedo se preserve a sua identidade e originalidade, foi defendida hoje, terça-feira, em Menongue, capital do Cuando Cubango.
Em declarações à ANGOP, em alusão ao Dia Internacional da Língua Materna, que hoje se assinala, o chefe de Departamento da Acção Cultural do Gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos no Cuando Cubango, Abias Cativa Kavuvi, considerou que as línguas locais são uma forma de identificação pessoal e da naturalidade de um indivíduo, por isso devem ser preservadas.
Segundo o responsável, as línguas nacionais são um dos elementos mais importantes da identidade e cultura de um povo, sendo, por isso, imperioso que cada encarregado de educação ensine, em casa, a falar e, quiçá, a ler e escrever em línguas nacionais os seus filhos, dada a sua relevância na preservação e elevação da língua materna no interior e exterior.
Referiu que muitas famílias angolanas se identificam, hoje, com o português como língua materna, em que as crianças são obrigadas, desde a tenra idade, a comunicarem-se em português, o que se complementa com a formação académica, desde o ensino primário à universidade, tornando difícil para a nova geração dominar as línguas nacionais.
Considerou que falar da preservação das línguas tem sido um dos maiores tabus, uma vez que muitos encaram um atraso quanto à globalização, facto que é comprovado pela pouca divulgação a nível dos meios de comunicação social, apesar de já se sentir alguns esforços em alguns órgãos de informação.
Enfatizou que a comunicação social constitui um factor decisivo na recuperação ou revalorização das tradições, devendo, desta forma, aprofundar o uso das línguas nacionais nos conteúdos noticiosos, com vista a atingir um maior número do alvo a que se destina os seus programas.
O chefe de Departamento da Acção Cultural do Gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos lembrou que no Cuando Cubango as línguas nacionais são faladas principalmente nos meios suburbanos.
Já o pastor da Igreja Assembleia de Deus Pentecostal no Cuando Cubango, Jacob Cambala, defendeu que a língua materna deve constituir a base da educação nos lares, onde os pais e outros adultos ensinam as crianças a falar e a escrever, para que saibam das suas origens desde cedo, ao passo que a sociedade civil deve apoiar o Governo na luta da descriminação.
Segundo o pastor, uma pessoa identifica-se melhor pela sua língua e o seu nome, tendo reconhecido, porém, que a nível daquela província as línguas nacionais, com destaque para o local Nganguela, são muito valorizadas.
Referiu que dentro do seu templo são utilizadas duas línguas, designadamente a portuguesa e Nganguela, para quem as pessoas devem interessar-se pelo domínio das suas línguas maternas, por constituírem uma identidade cultural.
Por isso solicitou do Governo o reforço da implementação do ensino das línguas nacionais nos primeiros anos de escolaridade, para a promoção do conhecimento das mesmas, onde a contribuição das igrejas, autoridades tradicionais, partidos políticos e associações cívicas é essencial para o alcance do desiderato.
Reconheceu ser o momento de se adquirir a independência cultural, uma vez que a língua é um veículo de comunicação que fomenta toda realização da sociedade, em que para tal os que sabem falar devem ensinar os que não dominam.
O gabinete provincial da Educação no Cuando Cubango controla, no seu sistema de ensino de línguas nacionais, um total de 17 mil e 123 alunos em 120 unidades escolares, asseguradas por 365 professores.
O Dia Internacional da Língua Materna foi proclamado pela UNESCO em 1999, sendo comemorado a cada 21 de Fevereiro em todos os países membros, com o objectivo de proteger e salvaguardar as línguas faladas em todo o planeta.
Para além da língua Nganguela, no Cuando Cubango fala-se igualmente o Umbundu, Tchokwe , Kimbundu e Kwangar. LMZ/ALK/FF/PLB