Benguela – A onda de criminalidade e de insegurança pública que se regista, sobretudo, nalgumas zonas periféricas do município de Benguela, inquieta as autoridades tradicionais, soube esta quinta-feira a ANGOP.
Falando à margem de um encontro sobre Segurança Pública em Benguela, que reuniu oficiais superiores da Polícia Nacional e autoridades tradicionais, o regedor Francisco Pedro “Soba Chico” disse que muitas vezes os delinquentes são pessoas conhecidas, mas existe ainda o medo da denúncia por receio de represálias.
Na sua óptica, há casos em que os infractores ficam a saber quem foi o denunciante e partem para vingança.
Exemplificou com um episódio supostamente ocorrido em Benguela, em que, depois de uma denúncia feita sobre uma vizinha que tinha seis sacos de liamba em sua posse, todos na comunidade ficaram a saber que tinha sido o soba o denunciante.
“ Há muita coisa que acontece nas comunidades, mas os sobas têm medo de denunciar, porque há muita fuga de informação”, disse.
Lamentou também o atraso na chegada dos agentes da ordem pública aos locais onde ocorrem crimes, alegando-se muitas vezes falta de meios.
Já o soba Avelino Wali considera ser já preocupante a onda de criminalidade nas comunidades, o que tem causado muitas vítimas.
Para a autoridade tradicional, é necessário que haja uma conjugação de esforços entre várias instituições, no sentido de se combater os crimes que se registam diariamente nas comunidades.
Na mesma senda, desencoraja todos aqueles que têm feito justiça por mãos próprias e aconselha a deixarem as autoridades policiais e de justiça fazerem o seu trabalho.
Já o delegado provincial do Ministério do Interior, Aristófanes do Santos, disse que o encontro acontece justamente no âmbito da proximidade às comunidades, para, em conjunto, traçarem estratégias de combate ao crime.
“ Pretendemos ouvir as inquietações da população, através das vozes dos sobas, representantes do poder tradicional, e dar o ponto de vista da Polícia Nacional sobre a criminalidade em Benguela", enfatizou.
Para o responsável, a problemática do controlo da criminalidade e da segurança pública, de uma maneira geral, não é exclusiva da Polícia Nacional, mas sublinha que o Estado deve garanti-las a cada um dos cidadãos.
Apontou factores que potenciam a criminalidade, como o descontrolo familiar, o baixo poder económico e os vários problemas sociais que as famiílias enfrentam.
Relativamente a números, sem os mencionar, considera que a criminalidade na província de Benguela não é endémica e está controlada.
Encontros semelhantes vão ocorrer nos restantes municípios da província de Benguela, envolvendo-se várias franjas da sociedade. CRB