Luena - A cidade do Luena, capital da província do Moxico, celebrou, este sábado, 68 anos de existência, com foco no reordenamento do território, na atracção de investimentos e na melhoria dos serviços públicos.
Por Teotónio Chilambavo, jornalista da ANGOP
Elevada à categoria de cidade, a 18 de Maio de 1956, Luena é a mais antiga entre as capitais provinciais edificadas na região Leste do país.
Para além de ser capital provincial, Luena é a sede administrativa do município sede da província (Moxico), concentrando mais de 468 mil pessoais.
A ex-vila Luso foi a primeira a ser elevada à categoria de cidade, no Leste do país, comparativamente a Saurimo (ex-Vila Henrique Carvalho), capital da província da Lunda-Sul, elevada à cidade 10 dias depois, enquanto Dundo, capital da Lunda-Norte, tornou-se cidade 59 anos depois.
Entretanto, entre as capitais provinciais construídas ao longo do Corredor do Lobito, Luena é a mais nova a alcançar a categoria de cidade, atrás de Benguela (1617), Huambo (1912) e Cuito (1935), consideradas as mais antigas deste bloco.
Segundo fontes orais, a primeira tentativa de edificação da sede provincial do Moxico deu-se, na vila de Cangamba, sede do município dos Luchazes, a 334 quilómetros a Sul do Luena.
Entretanto, com a necessidade de encravar a cidade ao Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) que iria ligar à República Democrática do Congo (então Zaíre), a vila foi transferida para a localidade do Moxico-Velho, pelo então governador António de Almeida.
Anos depois, foi instalada na região em que se encontra actualmente, em 1895, com a denominação de Moxico-Novo.
Fontes indicam que, em 1922, o Moxico-Novo recebeu a designação de Vila Luso e, 34 anos depois, passou a ter a denominação de Luso, deixando o estatuto de vila, para ganhar a categoria de cidade, em 1956.
Após o alcance da Independência Nacional, em 1975, a cidade de Luso foi rebaptizada como Luena, em homenagem a um povo que, no passado, habitou nesta região, concretamente, entre a nascente do actual rio Luena até ao rio Lunguebungo, conhecido como Valwena, ou seja, os Lwenas.
Sessenta e oito anos depois da elevação, a urbe tem vindo a registar um crescimento em todos os sectores, principalmente no período pós-guerra civil (2002), com o alargamento do seu território, em consequência da implementação de vários empreendimentos sociais e surgimento de vários bairros, no quadro da auto-construção.
Desafios dos serviços públicos e investimento privado
Apesar de algumas iniciativas governamentais e particulares, para disponibilizar mais serviços e tornar o sector empresarial privado forte, a região carece de muitos serviços, para dar resposta à elevada procura da população.
A rede escolar na região ainda é deficiente, carecendo de mais escolas, fundamentalmente do ensino primário, face à necessidade gritante da população, cujo número de crianças fora do ensino se multiplicam a cada ano que passa, actualmente com uma cifra de 27 mil petizes nessa situação.
Ainda neste sector, a população da circunscrição aguarda, há muitos anos, a construção da primeira biblioteca pública para auxiliar as actividades académicas dos alunos, assim como a criação de mais escolas privadas.
Em termos de electrificação, a rede registou uma melhoria significativa, nos últimos 10 anos, com a implementação de centrais térmicas e hidroeléctricas a produzirem cerca de 30 megawatts (MW), contribuindo na expansão da rede pública no casco urbano e na periferia.
Esse serviço poderá tornar-se estável com a entrada em vigor, em breve, de uma central fotovoltaica de 26 MW em construção, tornando sólida a distribuição de corrente eléctrica nas residências dos cidadãos.
Apesar disso, a chamada cidade da paz carece de uma rede eléctrica capaz de dinamizar o tecido empresarial, estimulando o surgimento de mais empresas e ofertas de serviços.
A falta da rede eléctrica “potente”, aliada à ausência de estradas para permitir a ligação a outros pontos do país, é apontada por muitos actores do ramo empresarial como o principal factor inibidor do fluxo de negócios na circunscrição.
Luena ainda é carente em centros comerciais, parques infantis, serviços de cinema, zonas de lazer, extensão da rede hoteleira, restauração, entre outros serviços.
Ainda no quadro de infra-estruturas, Luena precisa de mais malhas asfálticas e construção de circulares, para alargar a zona urbana e facilitar a mobilidade de trânsito, não obstante os mais de 20 quilómetros de asfalto de que beneficiou, há dois anos, implementados em alguns bairros periféricos, no quadro do PIIM.
Vinte gestores em 48 anos
Após o alcance da Independência Nacional até à presente data, o município do Moxico, que congrega a cidade do Luena, já foi administrado por 20 individualidades, entre comissários e administradores municipais, com destaque para duas mulheres, designadamente Glória Ernesto Masseca (1988-1990) e Adriana Cacuassa Bento (2002-2007).
Glória Ernesto Masseca, nomeada pelo então comissário provincial, Jaime Baptista Donge, foi a primeira mulher a administrar a região, com a designação de comissária municipal.
Enquanto isso, Adriana Sofia Cacuassa Bento foi a primeira mulher a ocupar o cargo, com a designação de administradora, nomeada pelo então governador provincial, João Ernesto dos Santos “Liberdade”.
Foi também a primeira a dirigir a região, no período pós-guerra civil, isto é, após a conquista da paz, em 2002.
Em termos de longevidade no cargo, destaca-se o comissário Noa Augusto, que ficou mais tempo no posto, num total de sete anos (1995 e 2002), seguido por Pinto Luís (1990-1995) e Adriana Cacuassa Bento (2002-2007) com cinco anos cada.
No sentido oposto, os administradores Víctor Pedro (Julho a Setembro de 2020), Rodrigues Tchipango (Outubro a Dezembro de 2020) e António Saualiassa (Janeiro a Maio de 2021) foram os menos duradouros no cargo, com uma média de três meses.
Lista completa dos comissários/administradores que dirigiram a circunscrição:
(Comissários)
1 – 1976 a 1977 – Paiva Domingos da Silva “Coração de Angola”
2 – 1977/1979 – Pedro Miúdo “Camitingui”
3 – 1979 /1980 – Luis Óscar de Almeida
4 – 1980/ 1982 – Carlos Francisco Conde
5 – 1982/1984 – João Pinto do Amaral
6 – 1984/1986 – Fernando Chiengo
7 – 1986/1988 – Manuel Kamuele
8 – 1988/1990 – Glória Ernesto Masseca
9 – 1990/ 1995 – Pinto Luis
10 – 1995/2002 – Noa Augusto
(Administradores)
11 – 2002/2007 – Adriana Sofia Cacuassa Bento
12 – 2007/2011 – Alberto Mutunda Keshipoco
13 – 2011/2013 – Zaqueu Isaac
14 – 2013/2017 – Bento Luembe Paulino
15 – 2017/2020 – Valdemar José Linguenhe Salomão
16 – Julho a Setembro de 2020 – Víctor Pedro
17 – Outubro a Dezembro de 2020 – Rodrigues Tchipango Sacuaha
18 – Desde Janeiro a Maio de 2021 – António Manuel Saualiassa
19 - Maio de 2021 a 2022 - Quintas Sempieca Miúdo
20 – Horácio Sachamuaha – 2022. TC/YD