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Cambândua quer vencer analfabetismo

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  • Bié • Sexta, 05 Julho de 2024 | 10h43
Vista parcial da Cambândua
Vista parcial da Cambândua
Leonardo de Castro

Cuito - O alto nível de analfabetismo existente no seio da população da comuna da Cambândua, no Cuito, província do Bié, preocupa, sobremaneira, a administração local, que quer, a todo custo, mudar o quadro com a construção de mais escolas e admissão de mais professores.

Situada a 52 quilómetros a Sudoeste da cidade, vivem na Cambândua pouco mais de 17 mil habitantes, que estão distribuídos em sete Ombalas, nomeadamente Sowe, Hossi, Chicava, Chawerma, Lomba, Etalala e Ndele, que juntas compõem 79 aldeias.


Nesta localidade, o nível de analfabetismo é incalculável pelo facto de, até ao momento, haver apenas duas escolas de construção definitiva, em consequência do processo de aglutinação ocorrido com os 16 centros de ensino que havia.


Em entrevista exclusiva à ANGOP, o administrador da Cambândua, Paulino Jamba Essacalalo, disse que a realidade remete a comuna numa situação de vulnerabilidade total, que, para se colmatar o défice, carece de mais de 600 novas salas de aula.


Juntando-se a isso, está também em falta de 200 novos professores, para se juntarem aos 85 existentes para os três subsistemas de ensino.


Neste ano lectivo, estudam na comuna apenas duas mil e 999 crianças matriculadas da iniciação a 12ª classe.


Na verdade, o maior número das crianças está fora do sistema normal de educação.


Segundo o responsável, existe vontade da comunidade em comparticipar no processo, através da construção de escolas a base de material local (adobe) para mitigar a situação.


Queixou-se, por tanto, da não abrangência da merenda escolar na comuna, um suplemento importante de atracção das crianças a frequentarem as escolas, solicitando, porém, a implementação do programa também nesta comuna.


No município do Cuito, por exemplo, apenas alunos das localidades do Jimba Silili e Belmonte, com 500 crianças cada, beneficiam da merenda escolar.  


Falta de Bilhete de Identidade dificulta estatísticas na comuna


A falta de documentos, com realce para o Bilhete de Identidade, quer para adultos quer para as crianças, está a dificultar, sobremaneira, as estatísticas da população no que tem que ver com os programas de investimentos.


O administrador admitiu haver também maior número de habitantes sem registo e nem bilhete de identidade, o que tem prejudicado, de certo modo, a sua adesão em determinados serviços públicos.   

  
Apesar disso, o administrador da Cambândua, Paulino Essacalalo, disse que a comuna tem uma população bastante acolhedora e muito empenhada na produção agrícola, o que faz desta zona uma potência na agricultura.


Apesar de faltar quase tudo, no que toca à vida socioeconómica, esta localidade está aos poucos a se destacar fortemente na produção de grãos e cereais, tendo como principal bandeira o “arroz”, cujo cultivo se iniciou em grande escala em 2023.


Neste capítulo, registou-se, nesta primeira safra, a colheita de 555 toneladas de arroz, repartidas entre os camponeses associados locais e uma fazenda privada.


Com isso, solicitou maior apoio do Governo do Bié, de formas a garantir meios de produção e de colheita para que os camponeses possam também fazer uma safra mecanizada e melhor forma de embalagem.


Saúde inspira cuidados


Com apenas duas unidades sanitárias, com realce para o centro comunal de trinta camas, e o posto situado na Chicava II, esta comuna tem apenas 12 enfermeiros para atender os mais de 17 mil habitantes.


Para o administrador Paulino Jamba Essacalalo, a situação é demasiada desgastante para os profissionais que nem sequer gozam de folga.


Por escassez de técnicos, a administração comunal da Cambândua encerrou o posto de saúde da “Ombala Hossi”, que atendia as populações das aldeias de Tunda, Kongomjo, Capende, Kaliputo e tantas outras.


Caso igual, Paulino Essacalalo disse que se registou também na Ombala de Lomba, onde o seu posto de saúde igualmente está encerrado pelos mesmos motivos.


“Em consequência, as infra-estruturas são agora alvo de vandalização”, lamentou.  


As doenças que mais assolam as populações são a malária, febre tifóide, doenças diarreicas agudas e outras do fórum respiratório.


Agricultura é o mote


A população da Cambândua é maioritariamente camponesa, que se dedica ao cultivo do milho, feijão, soja, mandioca, batata-doce, gergelim, hortaliças e agora o arroz.


Na época passada preparou mais de 480 hectares de terra para o cultivo.


Segundo o administrador, o que se pretende é continuar a desmatar as terras para garantir mais espaços de cultivo, de modo a fomentar que mais empresas ligadas ao campo surjam na localidade.


Neste capítulo, disse que existe na Ombala de Hossi um grupo de investidores dos Emirados Árabes Unidos, que iniciaram a produção de limão e tangerina ainda de forma experimental, que poderá no futuro tornar a comuna forte na produção de citrinos.


Existem na comuna cerca de 35 associações de camponeses, 40 escolas de campo e três cooperativas, que dia-a-dia trabalham para continuar a diversificar a economia da província através do campo.   
Descartou existir na comuna uma área específica ligada à distribuição de insumo e outros imputs agrícolas na população, porém, disse que a política de distribuição de fertilizantes tem sido directamente por meio das cooperativas.


Para os produtores individuais, Paulino Essacalalo referiu ser ainda difícil, pelo facto de a comuna não receber quantidades significativas para que estes meios agrícolas sejam dados a todos a preços mais acessíveis.   


Energia e água ainda são preocupações 


Nesta comunidade existe apenas um grupo gerador de 100 kva, que fornece corrente eléctrica a 96 por cento da população, de forma intercalada.


A expectativa é da aquisição de outro grupo gerador mais potente para cobrir mais residências.


A população sonha também um dia em beneficiar da energia da barragem de Laúca, através da linha de transporte do Cuito.


 “Vamos acreditar a médio ou longo prazo será possível, mas enquanto não acontece, vamos trabalhar para termos um grupo gerador com mais capacidade que o actual”, realçou o administrador.


Quanto à água potável, a situação é mais preocupante. Das cinco manivelas existentes. Apenas uma está em funcionamento.


Para colmatar a situação, as populações das Ombalas acarretam a água das cacimbas, rios e outros poços não recomendados.


Paulino Essacalalo informou existir ainda uma rede de água instalada na sede da comuna, que assiste a administração e as residências protocolares.


O sistema funciona com ajuda da corrente eléctrica, mas que, nos últimos meses, reduziu a força de bombagem para 15 por cento.


Ainda assim, disse não ser possível encher o reservatório de dez mil litros durante as horas de funcionamento.


Acesso difícil 


Para o administrador, a via de acesso que a comuna à sede municipal, numa distancia de 52 quilómetros, carece de uma intervenção urgente, devido o seu mau estado, incluindo das pontes. LB/PLB





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