Porto Amboim – As calemas que estão a fustigar a zona costeira da cidade do Porto Amboim, Cuanza Sul, desde última segunda-feira, destruíram infraestruturas ligadas à pesca artesanal, constactou hoje a ANGOP.
“Estamos com dificuldades sérias, as nossas infraestruturas de apoio a pesca artesanal estão a desaparecer, o mar continua avançar em direcção à zona costeira", disse um veterano pescador, Ângelo Cardoso.
Referiu que o mar já ultrapassou mais de dois mil metros deste o ponto em que, há dois anos, se fazia a descarga do pescado.
Realçou que desde o ano passado, devido a falta de eficácia de alguns esporões, o mar destruiu a pescaria Vião e do Quitembo, residências, acessos de viaturas (….) e hoje é visível uma das pontes cais distanciada da zona costeira.
Falando em nome da comunidade de pescadores, Ângelo Cardoso, instou as autoridades a agir com a execução de projectos definitivos.
No local, em 2018, foram colocadas pedras para travar o avanço do mar e a consequente destruição de infraestruturas de apoio à pesca e às habitações.
Solução
Questionado sobre a existência de um projecto definitivo para as calemas, o administrador municipal adjunto para o sector técnico e infraestruturas, Bráulio Duarte, informou que “em 2020 fomos informados que decorria no Ministério das Obras Públicas um projecto que visava a protecção da orla marítima”.
Entretanto, continuou, “devido a covid-19 o projecto paralisou e nós recentemente solicitamos ao governo da província do Cuanza Sul a retoma do projecto que de forma definitiva dê solução a protecção da zona costeira”.
Confirmou que em 2018 ralizaram-se trabalhos paliativos de colocação de esporões mas que o mesmo não está a surtir os devidos efeitos.
Especialistas
Instado sobre o que tecnicamente pode ser feito para conter as calemas, o engenheiro civil Leandro Artur defendeu a necessidade da elaboração de estudos sobre o comportamento do mar na circunscrição.
“Quebra-mar é a solução, mas não basta colocar os esporões porque a praia é igualmente turística e está próximo de algumas habitações, por isso deve-se realizar estudos profundos”, disse.
As calemas no Porto Amboim decorrem entre Setembro e Novembro, de acordo com a fonte, o aconselhável seria a feitura de blocos de betão e por cima assentar as betonilhas ao invés de colocar pedras.
“Não avancem para colocação de pedras, realizem estudos com um projecto definitivo para se evitar aplicação financeira sem resolver o assunto”, advertiu.
Trabalho realizado
Em 2018, a Direcção da Hidroportos ergueu oito esporões para proteger as infraestruturas contra a calemas com um orçamento de mais de Kz um milhão.
Naquela ocasião as calemas desalojaram 42 famílias e 20 metros de esporões ficaram destruídos e o mar instalou-se a cerca de 40 metros da estrada nacional número 100.