Luanda – Setenta e seis milhões, 188 mil 206 metros quadrados é o total de área contaminada com engenhos explosivos no país, afirmou, esta quinta-feira, em Luanda, director-geral da Agência Nacional de Minas, brigadeiro Leonardo Sapalo.
Estes dados foram apresentados durante o encontro entre a Agência Nacional de Acção contra Minas (ANAM) e a delegação do escritório de remoção de armas, adstrito ao Departamento de assuntos políticos-militares dos Estados Unidos de América (EUA).
Segundo o director-geral da Agência Nacional de Minas, brigadeiro Leonardo Sapalo, o país ainda tem vastas áreas contaminadas com engenhos explosivos e a sua eliminação só será possível com esforço conjugado entre o governo e parceiros reflectido no encontro mantido com uma delegação norte- americana.
O parceiro é um doador mundial forte na acção contra as minas, sublinhado. que de acordo o mapeamento das províncias do Moxico, com 235 metros quadrados, Bié, com 116, Cuanza Sul, com 100 e Cuando Cubango, com 78, têm as áreas mais vastas com minas.
Considerou de importante a mobilização para incentivar os doadores, não apenas as organizações não governamentais (ONG), mas também para o Centro Nacional de Desminagem, que em conjunto irão trabalhar para eliminar gradualmente todas as áreas contaminadas.
Disse que o sucesso da eliminação das minas até 2025 passa pela formação contínua de quadros e investimento para se ter recursos financeiros apropriados que sustentarão a aquisição de equipamentos para a operação de desminagem.
“Angola assinou a convenção de Otawa em 1997, mas a implementação conheceu apenas o alcance da paz, havendo uma obrigatoriedade de eliminar todas as áreas conhecidas até 2025”, sustentou.
Já a responsável da delegação americana, Aisha Kamara, reiterou que o seu governo está comprometido em apoiar Angola na eliminação de minas para consolidar a paz, a segurança e a prosperidade económica de todos os angolanos.
Disse que até agora os EUA já investiram no país 149.9 milhões de dólares na luta contra as minas e que irá trabalhar para que continue apoiar Angola, especialmente as províncias do Moxico, Cuando Cubango e Bié por conta do projecto Delta do Okavango, para facilitar o ecoturismo.
Salientou que com pessoal qualificado e recursos é possível eliminar as minas até 2025 e ainda que assim não aconteça, o seu governo continuará a apoiar estes esforço.
Em 1997, o tratado foi assinado por 157 países. Trinta e oito países não fazem parte da convenção: entre eles, estão os Estados Unidos, Cuba, Rússia, Índia e China.
Dados dos últimos seis anos dão conta que Angola libertou, 90% das áreas suspeitas de contaminação por minas.
De acordo com a Campanha Internacional para a Erradicação de Minas Terrestres (ICBL, na sigla em inglês), o Landmine Monitor, Angola mantém-se entre os países classificados como tendo contaminação massiva, ou seja, com mais de 100 quilómetros quadrados de áreas com minas terrestres e outros engenhos explosivos.
Em 2018, segundo dados, as minas provocaram 28 acidentes, que causaram a morte a 19 pessoas, oito delas crianças, e ferimentos, alguns deles graves, noutras 45, um terço delas, 30, também crianças.
O dados avançam que o processo de desminagem em Angola já custou, desde 2002, mais de 500 milhões de dólares (446 milhões de euros).
O processo de desminagem em Angola, que teve início em 2002 com o fim da guerra civil, começou em zonas identificadas como prioritárias para o relançamento da agricultura, pecuária, indústria e turismo, visando permitir a livre circulação de pessoas e bens.