Ndalatando - A actividade de fabrico de adobe (tijolo de argila e capim) deve ser licenciada pelas administrações locais, pelo facto de ser uma acção que atenta contra o meio ambiente, advogou terça-feira, o responsável do Departamento dos Crimes contra o Ambiente do Serviço de Investigação Criminal (SIC), no Cuanza- Norte, Manuel Calombe.
Em declarações à imprensa, a propósito da entrada oficial do cacimbo (15 de Maio), época em que se acentua esta prática para construção de moradias na província, o responsável informou que a fabricação de adobe sem o devido licenciamento constitui crime contra o meio ambiente, punível de acordo com as disposições legais do Decreto Presidencial 190/12 de 24 de Agosto.
Explicou que a confecção de adobe contribui para a alteração do curso de um rio, criação de charcos e lagoas, deslizamento e erosão de terras, entre outros danos ao meio ambiente, advertindo aos cidadãos que cumpram com os pressupostos legais, sob pena de serem detidos pelas autoridades, caso não licenciem a actividade na Administração local.
Toda a actividade exercida pelo homem, reforçou, carece de uma autorização das autoridades competentes, para controlo e prevenção dos efeitos negativos.
Manuel Calombe reconheceu que poucos sabem que esta prática é crime e apelou aos cidadãos que cultivem a cultura de denúncia, no sentido de acautelar eventuais catástrofes naturais que podem afectar a maioria na província.
Por sua vez, o responsável do Departamento dos Serviços Comunitários do Gabinete Provincial do Ambiente, Cristóvão João Kieza, informou que a instituição tem realizado nas comunidades palestras e acções de sensibilização sobre os perigos que representa a fabricação de adobe, sobretudo, sem o licenciamento, bem como a falta de reposição dos solos nos locais de fabrico.
Indicou que o trabalho de sensibilização não tem sido fácil pelo facto de ser uma actividade tradicional, passada de geração em geração e por constituir a principal matéria prima para a construção de residências na província .
Já Domingos Frederico, 26 anos de idade, fabricante de blocos, informou que está actividade constitui uma oportunidade de emprego e fonte de renda para a sua família. Cada adobe, informou, custa 50 kwanzas e o negócio tem bastante concorrência.
Pedro Adriano, 30 anos de idade, que fabrica blocos desde criança, na companhia dos pais, confessou que desconhece que a actividade deve ser licenciada.
Paulo Julião, de 40 anos de idade , afirmou que apesar de reconhecer os danos que a actividade causa à natureza, discorda com a necessidade da mesma ser licenciada.
A prática de fabrico de adobe na província tem sido muito acentuada com consequências graves no tempo chuvoso, pelo facto da acção criar buracos a céu aberto, causando o afogamento de muitas crianças. EFM/IMA/PA