Luena - O uso de medicamentos tradicionais, após o período de parto, está a aumentar o índice de mulheres submetidas à cirurgia de histerectomia, que consiste na remoção de úteros, na Maternidade Provincial do Moxico, soube, esta quinta-feira, a ANGOP.
A ANGOP apurou que dois casos de mulheres e adolescentes, entre 16 a 25 anos, dão entrada, semanalmente, naquela unidade sanitária, com prognósticos reservados, devido à prática de banhos e assentos terapéuticos caseiros à base de ervas, provocando infecção generalizada na cavidade uterina.
Segundo o director clínico da instituição, Assunção Wica, tais práticas desencadeiam sérias complicações de saúde, muitas delas com contornos irreversíveis, como por exemplo a falência ou perda do útero por causa de infecções generalizadas.
"Às vezes, para proteger o bem vida, temos como única saída a retirada radical do útero, por más práticas do uso de medicamentos tradicionais ou então o banho de assento com ervas ", disse.
Rosa Txizuza, de 31 anos, encontra-se hospitalizada naquela unidade, após ter sido submetida a duas cirurgias, em consequência de uma gravidez ectópica (fora da cavidade uterina).
A paciente contou à ANGOP, que depois de dar à luz e receber alta hospitalar, esfregou ervas na zona da cirurgia, seguindo conselho de familiares, com intuito de acelerar a cura da ferida, porém, não teve efeitos desejados e causou infecção em toda região da operação.
"Após colocar folhas na ferida, comecei a sair pus, a barriga inchou e tive de ser trazida às pressas aqui na maternidade", disse.
Na segunda cirurgia, foi-lhe retirado o útero, ficando impossibilitada de voltar a engravidar.
Na mesma condição, uma outra paciente, que preferiu anonimato, está internada na secção de cirurgia, depois de ficar sem útero e trompas, em consequência do uso de ervas após o parto, que obrigou a ser submetida a duas operações.
Esta aguarda um outro procedimento cirúrgico que consiste na reconstituição do tecido muscular, denominado (incherte) em função da infecção contraída.
Isabel Avelino, adolescente de 16 anos, foi vítima da histerectomia (retirada do útero) e anexectomia bilateral (remoção das trompas e ovário), após dar à luz, em consequência de uma gravidez precoce, cujo parto foi realizado em casa, à base de ervas. O bebé faleceu dois dias depois.
A menor foi levada à maternidade com um quadro clínico marcado por inchaço do abdômen e infecções generalizadas na zona reprodutiva.
Em declarações à ANGOP, o director clínico da maternidade, Assunção Wica, reiterou que nas consultas de rotinas, as gestantes são sensibilizadas sobre os cuidados a ter durante e depois do período da gestação, para se evitar tais procedimentos.
O profissional desaconselhou tais práticas, que têm colocado em risco a vida de muitas mulheres e o consequente aumento de índice de histerectomia em jovens e adolescentes.
No quadro desta problemática, esta quarta-feira, foi noticiado o caso de uma mulher de 20 anos, conhecida por Mariza Tchilombo, que ficou sem mamas em consequência de um tratamento mal sucedido de mastite (inflamação dos seios), por um curandeiro.
De acordo com a estatística, as mulheres representam 52 por cento da população do Moxico, com cerca de 522 mil 54 pessoas do sexo feminino, num universo de um milhão e 24 mil 573 habitantes da província. ISAU/TC/YD