Lobito - A necessidade de maior divulgação de informações sobre o neurodesenvolvimento das pessoas foi defendida esta terça-feira, no Lobito, província de Benguela, soube a ANGOP.
Os participantes a Segunda Conferência Nacional sobre Neurodesenvolvimento referiram que só com mais conhecimentos será possível evitar consequências nefastas às pessoas, desde que são geradas até a vida adulta.
O neurodesenvolvimento é o conjunto de habilidades no qual a pessoa passa a interagir com o meio que a rodeia. Esse contacto se dá de forma dinâmica e será determinado pela idade, maturidade, estímulos presentes no ambiente de convivência e factores biológicos.
Quando o neurodesenvolvimento é comprometido por problemas neurológicos, que podem interferir na aquisição, retenção, ou aplicação de habilidades, chama-se de transtornos do neurodesenvolvimento, que podem envolver disfunção da atenção, da memória, da percepção, da linguagem, da solução de problemas ou da interação social.
Alguns transtornos do neurodesenvolvimento são: Deficiências Intelectuais (DI), Transtornos da Comunicação, Transtorno Específico da Aprendizagem, Transtornos Motores, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtornos do Espectro Autista (TEA).
Segundo o director clínico do Hospital Regional do Lobito, Abrantes Ferreira, os conferencistas falaram sobre o sistema nervoso da mulher, desde o desenvolvimento de um ser na vida intrauterina.
"Todos elementos que desencadeam na formação de um ser começam naquilo que é o desenvolvimento neurológico", explicou.
Abrantes Ferreira recomendou que todos os cuidados devem ser redobrados a uma mulher que vai gerar um ser, fundamentalmente do ponto de vista neurológico.
"A mulher, enquanto gestante, não pode ter stress (agitação) ou qualquer outro problema social porque vai afectar significativamente o bebé", esclareceu.
Referindo-se sobre as consequências, disse que toda a repercussão que decorrer a nível da vida intrauterina vai se reflectir no ser que será gerado, não só do ponto de vista comportamental, mas também patológico.
"Isto tem a ver com doenças neurológicas como epilepsia, esquizofrenia, autismo, entre outros", explicou.
Deu exemplo do dia-a-dia, em que os professores queixam-se de crianças irrequietas, que estão muitas vezes em conflito com outras ou as que não tiram boas notas em função da alteração do comportamento neurológico que começou na vida intrauterina e que se repercute até hoje.
A rigorosidade na consulta pré-natal é muito importante, segundo o médico, porque é ali que se vai identificar e prevenir todas aquelas repercussões que podem advir do tratamento do neurodesenvolvimento.
Apelou o acompanhamento dos pais e principalmente dos professores que passam muito tempo com os alunos, assim como as Igrejas e outras instituições que lidam com a população.
Questionado sobre as campanhas de sensibilização, disse que o Governo tem levado a cabo várias acções no sentido de alcançar a mulher gestante, não só nas zonas urbanas como periurbanas.
"Temos a Saúde Pública a funcionar a nível dos municípios e comunas. Além disso, os Médias têm jogado um papel importante na veiculação da informação para todos, principalmente naquelas comunidades mais distantes dos centros urbanos", considerou.
A Segunda Conferência Nacional de Neurodesenvolvimento foi promovida pelo HRL e durante três dias reuniu profissionais da Saúde dos dez municipios da provincia de Benguela e também provenientes de Luanda, Huíla e outras.
O primeiro evento teve lugar em Luanda, capital do país. TC/CRB