Huambo – Apesar das campanhas de sensibilização, a realização de exames de rotina sobre o cancro da mama continua a ser um tabu na província do Huambo, fazendo com que muitos pacientes cheguem em estado crítico aos cuidados de saúde.
O alerta veio do chefe do departamento de Oncologia do Hospital Geral do Huambo, Matias Gourgel, quando falava sobre o estado desses serviços na maior unidade hospitalar da província do Huambo, no quadro da jornada Outubro Rosa, que visa consciencializar a população de todo mundo sobre a realização de exames de rotina do cancro da mama.
Na ocasião, o responsável disse que as autoridades sanitárias diagnosticaram, este ano, 98 casos de cancro da mama, dos quais 38 transferidos para o Centro Nacional de Oncologia, nove operados e 30 chegaram a morrer, em consequência da chegada tardia aos cuidados de saúde, como resultado das crenças culturais e do tabu.
Segundo o médico, as autoridades sanitárias continuam preocupadas pelo facto de, apesar das várias informações sobre o procedimento e os conselhos dados, muitas mulheres ainda preferem evitar o exame, por questões culturais e outros complexos sociais, o que tem tornado o tratamento mais difícil, sobretudo, quando chegam em fase terminal.
Informou que os serviços de Oncologia estudam, neste mesmo, 137 casos sintomáticos, para um diagnóstico preciso, apesar de a maioria chegar aos cuidados de saúde em estado preocupante.
Sobre o cancro do colo uterino, disse terem sido diagnosticados, este ano, 48 casos, dos quais 22 transferidos para Luanda, sete operados, enquanto 11 perderam a vida, para além de estarem em estudo 98 pacientes.
O responsável considerou crítica a situação do cancro na província do Huambo, pois ainda continuam a chegar aos cuidados de saúdes pacientes, sobretudo, mulheres rurais, para obter a cura, somente depois de perder tempo em tratamentos tradicionais ou a esconder a doença, por vergonha de ser vista.
Para se reverter este mal, disse que as autoridades sanitárias têm promovido campanhas de sensibilização sobre sintomas, tratamentos e causas do cancro, em geral, em vários hospitais, escolas, igrejas e nas comunidades, em geral.
Apelou à população a cultivar o hábito de alimentação saudável, consultas de rotina, bem como a se abster do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e o uso abusivo de tratamento hormonais.
Aconselhou as mulheres a buscarem orientação médica antes do planeamento familiar, evitando, deste modo, a automedicação dos anti-conceptivos, que podem resultar em cancro do útero.
Por sua vez, a representante do gabinete da Saúde na província do Huambo, Cristina Buta, informou que, de 2019 à presente data, foram confirmados 548 cancros diversos, com 239 óbitos.
Destacou a promoção do exame precoce, diagnóstico e tratamento, bem como a humanização dos serviços de saúde, por via da sensibilização dos profissionais do ramo e da população, em geral, como um dos principais focos do sector.
Na província do Huambo, localizada no Planalto Central de Angola, os serviços de Oncologia, em funcionamento no Hospital Geral do Huambo, tiveram início em 2019, sendo que, na altura, atendia em média quatro a seis casos/semana, sobretudo, nas consultas externas, cifra elevada para 20, actualmente.
O Outubro Rosa é uma campanha que tem a finalidade de aumentar a consciência de que o cancro da mama é uma patologia com grande incidência, alta taxa de prevalência e se for detectada precocemente têm maior probabilidade de cura. MLV/ALH
