Ondjiva - O secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar, Leonardo Inocêncio, realçou esta quarta-feira, na província do Cunene, o impacto do projecto de Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola (FRESAN), no combate à desnutrição infantil.
Ao intervir no quadro da nona reunião do Comité Técnico de Direcção do FRESAN, o responsável disse que o programa é de extrema importância no contexto das alterações climáticas que afectam a região, com impacto negativo na economia das famílias vulneráveis, em que a desnutrição, em particular em crianças menores de 5 anos e nas gestantes, é visível.
Disse que as províncias do Sul de Angola, nomeadamente o Cunene, a Huila e o Namibe enfrentam desafios significativos em relação à desnutrição crónica e aguda entre as crianças, cujas taxas são enormes.
Nessa senda, referiu ser essencial investir na educação nutricional, capacitando as comunidades locais sobre escolhas de alimentos saudáveis, importância da amamentação, higiene alimentar e outras práticas benéficas.
Para Leonardo Inocêncio, a resiliência e a produção da agricultura familiar sustentável, a melhoria nutricional e a educação da saúde nas escolas nestas províncias é fundamental, de modo a aumentar o conhecimento sobre a nutrição, bem como promover mudanças comportamentais duradouras.
Sublinhou que o FRESAN foi concebido com o propósito de contribuir para a redução da fome e da pobreza e da vulnerabilidade à insegurança alimentar e nutricional, através do fortalecimento sustentável das instituições responsáveis pelos programas nacionais de segurança alimentar e nutricional no país.
No entanto, disse que a implementação do projecto permitiu a capacitação de 747 técnicos de saúde nas áreas de Atenção Integrada às Doenças da Infância (AIDI), gestão integrada de desnutrição aguda, a supervisão de unidades sanitárias e nutricional.
Apontou ainda a formação intensiva de 318 profissionais de saúde das três províncias, contribuindo deste modo na prestação de cuidados de saúde e de nutrição adequada.
Leonardo Inocêncio salientou ainda que foram formados 417 agentes comunitários de saúde, assim como 206 outros integrados no estudo Mucua que tem por objectivo identificar estratégias de alto impacto na prevenção da desnutrição crónica.
No decorrer do período de Junho de 2022 ao presente ano, disse que foram realizadas 47 mil visitas domiciliares pelos agentes comunitários de saúde, no quadro da promoção de acções de água e saneamento, assim como realizados 300 inquéritos e uma amostra de mil e 213 crianças em seguimento.
No quadro das acções de sensibilização das comunidades, realçou a sensibilização de 77 mil 636 mulheres em temáticas de alimentação e nutrição, realização de 306 demonstrações culinárias, bem como foram sensibilizadas em prevenção a desnutrição 12 mil e 946 pessoas das comunidades rurais.
O secretário de Estado salientou ainda a medição do perímetro braquial em cerca de 116 mil e 750 crianças dos 6 aos 59 meses.
Componente do FRESAN
Lançado em 2018, o FRESAN tem o valor global de 64 milhões de euros, financiado pela União Europeia, destes 48,6 milhões estão sob gestão do Instituto Camões.
A iniciativa faz parte de um esforço conjunto da União Europeia, Instituto Camões e o Governo de Angola, para promover a sustentabilidade da agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, sobretudo em comunidades rurais.
O mesmo tem como o objectivo contribuir para a redução da fome, pobreza e vulnerabilidade à insegurança alimentar e nutricional, através do fortalecimento sustentável da agricultura familiar, nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe.
Com o prazo de execução até 2025, o projecto está a intervir em quatro componentes temáticas como a agricultura familiar sustentável, melhoria da nutrição e acesso à água, reforço institucional e o ensaio clínico/pesquisa sobre desnutrição crónica. FI/LHE/OHA