Kavango West (Namíbia) - A troca de experiências na prevenção, detecção e tratamento do HIV/SIDA ao longo da fronteira comum entre Angola (Cuando Cubango) e Namíbia (Kavango West), foi o principal destaque de hoje, terça-feira, no encontro entre responsáveis do sector da saúde.
A representante da província namibiana do Kavango West, anfitriã do encontro, Numagugu Ndebele, apresentou um modelo comunitário que funciona em 25 países de África, consubstanciado na sensibilização das comunidades e portadores sobre o seu valor social e familiar.
Relatou que o programa facilita a actuação dos técnicos, permite maior inclusão dos portadores do vírus e elimina todas as barreiras ao tratamento.
Conforme a responsável, com a implementação da referida plataforma tem havido maior controlo da doença, pois elimina o estigma, tendo em conta os métodos de partilha de informação sobre a doença.
Por força deste programa, a especialista em saúde pública relatou que o HIV/SIDA deixou de ser considerado uma doença fatal na sua região e passou a ser vista como uma doença crónica, dada a observância de todos os cuidados.
Segundo a responsável são controlados 225 casos de pessoas pertencentes a grupos de adesão comunitária, incluindo um angolano.
Outra interveniente, representante da província do Kavango Leste, Annastasia Siremo, trouxe como modelo o regulamento sobre o seguimento de pacientes para a busca activa nas comunidades e a continuidade do protocolo de tratamento.
Trata-se de uma acção que luta contra a desistência de alguns pacientes, incluindo angolanos residentes nas zonas transfronteiriças e que por várias razões tendem a interromper a medicação.
Explicou que quando se detecta o desaparecimento de um paciente, o Ministério da Saúde, com o grupo de avanço especializado, segue os pacientes começando pelo telefone para o contacto e depois para um segmento físico, já que os detalhes do seu endereço e de quem dá o suporte do tratamento é anexo a sua ficha de paciente.
Deu a conhecer que alguns pacientes dizem viver na Namíbia, quando na realidade vivem em Angola, mas a cerca sanitária imposta pela COVID-19, pelos dois países, permitiu identificar as residências reais dos pacientes.
Outro método de combate e controle, segundo a responsável, passa pela realização de testagem aos contactos directos das pessoas infectadas pelo HIV, de formas a detectar e tratar eventuais casos que envolvem filhos e parceiros sexuais.
Da parte de Angola, a supervisora provincial de HIV do Cuando Cubango, Maria de Fátima, informou que a província já conta com o serviço de medicação de carga viral, que é executado após o tratamento de seis meses.
O respectivo serviço, segundo a responsável, será implementado brevemente nos municípios fronteiriços com a Namíbia, como são os casos do Calai, Cuangar e Dirico.
Sobre o estigma e descriminação, informou que a província do Cuando Cubango conta com um grupo voluntário de 30 pessoas portadoras do vírus, que realizam campanhas de sensibilização e encontros comunitários.
Fizeram ainda parte dos debates de hoje questões sobre a tuberculose, a lepra e o Programa Alargado de Vacinação, sendo que, para esta quarta-feira, último dia do encontro, estarão em análise as doenças tropicais negligenciadas na fronteira comum. MSM/ALK/FF/PLB