Luanda - A representação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Angola manifestou-se hoje, sexta-feira, em Luanda, preocupada com a redução de registo dos casos de lepra no país, já que os números divulgados podem não ser os reais.
As autoridades sanitárias angolanas registaram 422 novos casos de Lepra em 2020, menos 328 doentes em relação ao ano de 2019, em que foram registados 750 casos.
A preocupação foi manifestada pelo oficial nacional para doenças tropicais negligenciadas da OMS, Nzuzi Katondi, tendo precisado que o atraso no registo de novos doentes verifica-se desde 2020.
Em declarações à imprensa, no acto central de comemoração do Dia Mundial de Combate à Lepra, assinalar-se no último domingo de Janeiro (30), o responsável frisou que em média, Angola registava 750 novos casos, quadro que se alterou com o surgimento da Covid-19, há dois anos.
A diminuição na confirmação da doença, segundo Nzuzi Katondi, está a fazer com que os doentes sejam diagnosticados já numa fase crítica da patologia.
“ Nós encorajamos sempre a descoberta precoce da doença, para que possa ser tratada de forma correcta e eficaz”, salientou.
A directora nacional da saúde pública, Helga Reis Freitas, disse que independentemente de a doença estar relacionada com determinantes sociais, deve envolver todos para que seja feito um trabalho contínuo de eliminação da doença em Angola.
Por seu turno, o director do gabinete provincial da saúde de Luanda, Manuel Duarte Varela, disse que por ser uma doença negligenciada, deve-se investir mais em infraestruturas nos municípios, para combater a lepra.
No Dispensário Anti-Tubercolese e Lepra estão a ser acompanhados 154 pacientes, sendo 11 crianças com idades inferior a 15 anos, 24 do sexo feminino e 58 utentes tiveram alta.
A província de Luanda com 184 novos casos de lepra, em 2021, acolheu nesta sexta-feira, o acto central do Dia Mundial de Combate à Lepra ou Hanseníase sob o lema “Com o esforço colectivo, vamos reduzir o fardo da lepra em Angola”.
As autoridades sanitárias angolanas controlam mil e 887 casos de lepra e em tratamento desde 2005, altura em que Angola alcançou a meta da eliminação da doença, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A OMS considera que a meta de eliminação é de um doente por dez mil habitantes, tendo Angola atingido este objectivo em 13 das 18 províncias.
Causada por uma bactéria que ataca a pele e o sistema nervoso, a lepra é uma doença transmitida de uma pessoa doente, que não esteja em tratamento, para outra saudável. Tem cura e o seu diagnóstico deve ser feito de forma atempada.
Os primeiros sintomas da doença demoram em geral entre dois a cinco anos para aparecerem. O portador do “bacilo de Hansen”, que causa a lepra, apresenta sinais e sintomas na pele e no sistema nervoso que facilitam o diagnóstico médico.