Médica pede mais atenção aos pais para sinais do autismo 

     Saúde              
  • Huíla • Sábado, 04 Maio de 2024 | 16h04
Participantes ao encontro sobre autismo
Participantes ao encontro sobre autismo
Amélia Oliveira - ANGOP

Lubango - A necessidade dos pais, assistentes sociais e professores prestarem mais atenção aos sinais do transtorno do espectro do autismo nas crianças e buscarem ajuda nas unidades sanitárias, para evitar o segmento tardio e a níveis avançados, foi alertada pela médica interna de neurologia, Eldione Zebedeu.

A médica que falava na sexta-feira num debate sobre “Autismo e obscurantismo e exclusão”, promovido pela delegação provincial da Justiça e dos Direitos Humanos em parceria com o movimento Cerci-Coração Azul, no quadro do “Abril Azul”, mês dedicado a conscientização do autismo.

Explicou a criança com dificuldade de interacção social, de comunicação quer seja verbal ou não verbal, desde bebé não faz movimentos, não emite muitos sons, está mais voltada a objectos, do que para pessoas à sua volta, deve chamar atenção dos pais, pois é um sinal importante a considerar.

O autista, segundo a fonte, pode ainda ter outras comorbidades, como o défice de atenção ou hiperatividade, crianças que não param e estão sempre a correr, inflexíveis a ordens e é super energéticas, não significando necessariamente que sejam autista, mas precisa ser avaliado para descartar a hipótese.

Lamentou que actualmente a tendência é sempre consultar um mais velho, tentar perceber se alguma maldade entrou na família, o que vai fazer com que as mesmas percam tempo e chegam já com a criança ou adolescente num nível da condição mais avançado.

“Quando estamos num nível dois ou três já aquilo que é a estratégia de actuação em termos de resultados leva mais tempo. No um, a criança é um pouco mais flexível e podemos contornar a situação e levá-lo numa perspectiva de qualidade de vida melhor em relação àquela que chega num nível avançado”, acrescentou.

Avançou que o tratamento é feito através de uma intervenção multidisciplinar, dependendo muito do que a criança apresenta, se têm maior afectação na linguagem ou do ponto de vista motor, para iniciar com a terapia da fala, a cognitiva-comportamental, um acompanhamento que é individualizado, em função da especificidade da condição de cada caso que é intensificado nos níveis dois e três.

Hospital central com dois casos/semana  

Pelo menos dois, dos 10 pacientes atendidos semanalmente nas consultas de neurologia do hospital central do Lubango “Dr. António Agostinho Neto”, chegam a ser diagnosticados com transtorno do espectro do autismo.

A também médica da unidade hospitalar referiu ser um diagnóstico que nunca é dado na primeira consulta, pela sua complexidade, mas até a criança ter dois anos de idade.

Disse que para além do hospital central, que acompanha 25 crianças desde Janeiro ao mês em curso, a pediatria do Lubango também segue casos. 

“Por cada sexta-feira recebemos 10 crianças por consultas, mas já cheguei a ter 17, numa única consulta, por ser um número grande de doentes e não são só crianças com esses tipo de transtorno do neurodesenvolvimento, mas outras também como epilepsias, paralisia cerebral infantil, entre outros casos”, manifestou.

Por sua vez, a presidente da CERCI - Coração Azul, Maria da Luz, ressaltou ser mais difícil lidar com as famílias do que com o autista, porque as famílias têm dificuldades de aceitar o diagnóstico, vai depender do contexto cultural e religioso que a família está inserida.

“O casal normalmente não processa ao mesmo tempo um luto psicológico por se fazer, porque criamos a expectativa de um filho perfeito e aparece um com um desafio assustador como é o autismo, o que cria um impacto devastador na família e nos pais”, frisou.

Apelou às famílias a não se isolarem, a procurarem profissionais e outras pessoas que estejam a passar pela mesma situação para poderem ter apoio e não devem esconder as crianças da comunidade.  

O "Coração Azul” é um projecto social privado com sucesso, vocacionado para desenvolver actividades lúdico-terapêuticas em crianças e jovens com autismo e apoiar famílias e cuidadores, em particular as mães.

O projecto foi concebido para acolher autistas, mas hoje recebe crianças com Síndrome de Dawn, Paralisia Cerebral, Microcefalia, criando-se uma conectividade mais alargada e multissectorial nas áreas da Saúde, reabilitação da saúde, Educação Especial e área Social.

A nível da Huíla existe a Associação de Pais e Amigos que Apoiam Pessoas com Autismo e Multideficiências (APEGADA) que existe há dois anos e actualmente congrega 205 crianças, das quais 47 são autistas. EM/MS





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