Luanda – Os hospitais públicos e privados, da província de Luanda, continuam a receber um elevado número de pacientes à procura de assistência médica devido a malária, dengue e chikungunya, enfermidades registadas com frequência nos últimos meses na capital angolana.
As enchentes nas unidades hospitalares começam a partir do nível primário e se estendem as instituições de referência e provinciais.
Em ronda efectuada em alguns hospitais e centros médicos, a ANGOP constatou que os pacientes com sintomas de doenças diarreicas e respiratórias agudas, malária, febre tifóide, dengue, entre outras enfermidades, queixam-se das enchentes e demora no atendimento.
No centro médico do Catambor, na Maianga, a paciente Andreza Paulo disse que para marcar uma consulta de clínica geral teve que chegar às 7h e até o atendimento e a realização das análises clínicas regressou à casa por volta das 14 horas.
Cardoso de Almeida, um morador do Kilamba, afirmou que procurou atendimento médico em varias clínicas privadas do Belas e Talatona, mas todas estavam muito cheias e acabou por escolher uma do centro da cidade.
Um médico expatriado, de uma clínica privada, na Ingombota, desabafou afirmando que, nos últimos dias, são atendidos no Banco de Urgência mais de 20 pacientes no período das 17 às 22 horas, situação que em alguns meses não acontecia.
No entanto, o médico especialista em saúde pública, Caetano José Miguel, disse hoje que as enchentes nos hospitais estão relacionadas aos determinantes sociais, como falta de água potável, recolha dos resíduos sólidos, emprego, habitação, factores que propiciam condições para o surgimento de doenças.
Caetano Miguel disse que para a Organização Mundial de Saúde (OMS) a falta de condições sociais para o bem-estar do indivíduo causam desequilíbrio físico, mental e espiritual e levam a pessoa a ser considerada um elemento doente.
Defendeu que os serviços, médicos e medicamentoso de especialidade devem estar mais próximos das comunidades como solução para o descongestionamento dos hospitais de referência.
Argumentou que as enchentes nos hospitais estão também relacionadas ao défice de recursos humanos para atender os pacientes, que na sua opinião não deviam procurar as unidades hospitalares, como Josina Machel, Clínica do Prenda e Américo Boavida, entre outras, apenas com sintomas de dores de cabeça.
Para se ultrapassar o problema, o médico defende também que nos centros e postos médicos deve haver mais médicos especialistas e não apenas nos hospitais de referência, para se incutir o hábito das pessoas frequentarem as instituições sanitárias primárias de forma regular.
Apesar de reconhecer haver poucos médicos especialistas, sugeriu que estes devem ser colocados nas comunidades para ajudar a colmatar o atendimento nas unidades sanitárias locais.
Para o também director municipal da saúde do município de Luanda, a justificação dos pacientes da falta de condições nos centros ou postos médicos, não tem razão de ser, referindo que o problema é a falta de humanização no atendimento, tendo defendido que a luta para a melhoria deve ser contínua.