Lobito – Alguns pacientes de Doença Renal Crónica (DRC) têm ignorado as orientações médicas por estas exigirem disciplina e rigorosidade, denunciou esta terça-feira, no Lobito (Benguela), o director da Clínica de Hemodiálise daquela cidade, Gilssimar Boavida.
Segundo o médico nefrologista, há pacientes que chegam a recorrer a tratamentos não convencionais e que só mais tarde aparecem na clínica.
Para corrigir esta situação, Gilssimar Boavida afirmou que aquela unidade hospitalar contratou um psicólogo para fazer o acompanhamento aos pacientes, inclusive aos seus familiares.
A Clínica de Hemodiálise do Lobito, com capacidade para atender 250 pacientes, está neste momento com cerca de 80, uma demanda muito menor, comparada com o ano passado, segundo o director, embora não se tenha referido a quantidade.
Gilssimar Boavida justificou o facto, com a entrada em funcionamento de mais uma Clínica no Hospital Municipal de Benguela.
Actualmente, existem as clínicas de Hemodiálise do Lobito e a do Hospital Municipal de Benguela, geridos pelo Instituto Angolano do Rim e a do Hospital Geral de Benguela.
“A nossa clínica, além de assistir os pacientes do Hospital Regional do Lobito, Pediatria, Maternidade, Centro Materno Infantil e as centralidades do Lobito e do Luhongo, recebe também outros, vindos dos municípios do interior e de outras províncias como a do Cuanza Sul, Cuanza Norte e do Huambo, dependendo das circunstâncias", pontualizou.
Quanto ao atendimento, informou que, além do tratamento, a clínica dá assistência médica e medicamentosa, alimentação e algum apoio social, como comida, estando o paciente livre de quaisquer despesas.
Em relação aos meios técnicos, disse existirem 34 máquinas de hemodiálise, suficientes para atender os doentes que procuram os seus serviços.
Para a sua manutenção, estão disponíveis cinco técnicos treinados para o efeito, que também fazem o mesmo trabalho na sua congénere do Hospital Municipal de Benguela.
Apesar das clínicas terem enormes gastos com a importação de medicamentos, material gastável e peças de reposição para as máquinas, elas não têm tido grandes problemas neste aspecto, porque normalmente a compra é feita com margem para cobrir o mês seguinte.
“Não obstante a isso, temos um intercâmbio no que toca aos medicamentos e outros materiais, para evitar o impasse, no caso destes não existirem no mercado local”, realçou.
Questionado sobre os constrangimentos que mais preocupam, Gilssimar Boavida apontou o abastecimento de água, que, segundo ele, não tem a qualidade desejada.
“Temos de submeter 25 a 30 mil litros de água, diariamente, a uma estação de tratamento (Hosmose), para transformá-la em ultra pura para estar em condições de ser consumida. Quando faltar na rede, temos de recorrer a camiões cisterna”, explicou.
Sobre os seus profissionais, informou que funcionam ali, três nefrologistas e cerca de 45 enfermeiros de diferentes categorias, que têm dado o suporte clínico.
A Doença Renal Crônica (DRC) caracteriza-se pela lesão nos rins, mantida por três meses ou mais. Afecta uma em cada dez pessoas adultas no mundo, com taxas crescentes entre a população.
Gilssimar Boavida aproveitou para alertar as pessoas em geral que a doença está relacionada com as diabetes, hipertensão arterial, tabagismo ou o uso frequente de medicamentos que podem causar danos nos rins.
“Se é hipertenso, procure controlar a função renal, pelo menos uma vez por ano. Faça a medicação de forma como o médico orientou e evite ingerir substâncias que não se sabe qual será o efeito”, aconselhou.