Ondjiva- As autoridades sanitárias das Repúblicas de Angola e da Namíbia estão a trabalhar no reforço das medidas de prevenção e controlo da malária nas comunidades fronteiriças, através da implementação da "Trans Kunene Malária Iniciativi" (TKMI).
O protocolo, em vigor desde Abril de 2011, tem por objectivo reforçar as acções transfronteiriças de controlo da malária e de outras doenças na província do Cunene (Angola) e nas regiões do Ohangwena, Kunene region e Omusati (Norte da Namíbia).
Em declaração, esta terça-feira, à ANGOP a directora do TKMI no Cunene, Emília Wime, disse que a acção enquadra-se na iniciativa E8, que prevê a eliminação da doença em oitos países da região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), nomeadamente Angola, Botswana, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Swazilândia, Zâmbia e Zimbabwe.
Para a execução do projecto, disse, a TKMI conta com 325 voluntários que trabalham na educação para a saúde, sensibilizando e ensinando as pessoas como prevenir a malária, adesão das mulheres grávidas às consultas e completar a dose de "fansidar".
Acrescentou que o elemento estratégico foi o melhoramento do acesso aos serviços de saúde, a identificação e gestão de casos de malária nas zonas fronteiriças e a testagem e tratamento adequado da doença através da criação de novas unidades sanitárias de referência ou específicas.
Disse que os mesmos têm um raio de actuação de 20 quilómetros das comunidades fronteiriças ao longo dos municípios de Namacunde, Ombadja e Curoca.
A responsável fez saber que foram constituídos 16 comités comunitários de eliminação da malária composto por 210 pessoas entre autoridades tradicionais, professores, líderes religiosos e quadros dos diferentes sectores de cada aldeia.
Disse que para a Namíbia ser considerada livre da malária, seria necessário que uma parte significativa do Sul de Angola esteja livre da doença, razão pela qual, a implementação de programas de combate à epidemia ao longo da fronteira comum.
Lembrou que durante os anos 2015 a 2017, Namacunde foi considerado município mascote com baixo índice da doença e zero mortes por malária, mas com o surgimento da Covid-19, houve um registo progressivo dos casos da doença no país vizinho.
Argumentou que com o surgimento da pandemia, a Namíbia voltou a registar muitos casos importados de malária proveniente de Angola.
Emília Wime indicou que a meta em Angola é a redução de 45 por cento de morbilidade e 50 de mortalidade até final 2023, e eliminar a malária até 2030, quando a incidência da doença for de zero casos durante, pelo menos, três anos consecutivos.
A província do Cunene partilha 460 quilómetros, dos quais 340 terrestres e 120 fluviais, de fronteira com a República da Namíbia. FI/LHE/VIC