Luanda – As obras de restauro e requalificação do futuro Museu de Luta de Libertação de Angola, ex-Fortaleza de São Francisco de Penedo, estarão concluídas antes da data da celebração dos 50 anos de independência, a 11 de Novembro deste ano, assegurou, esta sexta-feira, o ministro da Cultura, Filipe Zau.
O ministro Filipe Zau fez estas revelações quando falava em entrevista exclusiva à ANGOP, no final de uma visita de constatação dos trabalhos de requalificação em companhia do embaixador de Portugal, Francisco Alegre Duarte.
As obras de restauro e requalificação do edifício secular estão orçadas em 34 milhões de euros e a sua execução é da responsabilidade da construtora Mota-Engil, que garante a entrega no prazo estabelecido.
Na ocasião, Filipe Zau mostrou-se satisfeito pelo andamento dos trabalhos, que segundo disse poderão ser entregues dentro dos prazos previstos, que coincidem com os 50 anos da independência nacional.
Manifestou ainda a sua satisfação por ser este um monumento de interesse para os dois povos, representando o encontro destas duas culturas (angolana e portuguesa) registadas há vários anos, uma vez que o edifício, hoje também conhecido como Casa de Reclusão Militar, foi construído em 1785.
Conforme Filipe Zau, a estrutura retrata também o associativismo político que apanha, portanto, os dois povos nos diferentes sentidos de libertação.
Destacou também a importância do futuro Museu da Luta de Libertação de Angola pelo facto de, parte da sua história, poder ser contada ainda pelos próprios nacionalistas, ainda em vida.
"Isto mostra que também a reconciliação entre os povos se fez muito mais cedo do que à partida se podia pensar", argumentou.
O ministro da Cultura enalteceu o contributo financeiro do governo português, na medida em que o suporte para a requalificação do edifício foi doado por Portugal, “sendo pois um reflexo da vontade de aproximação dos dois povos, quer por razões de amizade, como por razões de consanguinidade e de fraternidade mútua”.
Por sua vez, o embaixador de Portugal em Angola, Francisco Alegre Duarte, frisou serão aceleradas as obras e os conteúdos museológico, para estar pronta a tempo da celebração dos 50 anos da independência da Angola.
"Mas o que eu queria sublinhar, como embaixador de Portugal, e em linha com o que o ministro da Cultura angolana disse é que esta obra é um símbolo da reconciliação, e ligação especial que nos une os dois povos ", argumentou.
O diplomata acrescentou ainda que as comemorações dos 50 anos da independência de Angola celebram-se após o 25 de Abril, em Portugal, uma data na qual os dois países estão historicamente ligadas.
"Esta obra simboliza, como poucos, essa reconciliação. Veja bem, esta fortaleza já foi um forte militar, uma alfândega, um entreposto de escravos, um presídio, onde, aliás, o meu pai esteve preso antes de ser entregue à PID aqui em Angola, há cerca de 62 anos”, acrescentou.
O diplomata frisou ainda ter sido um grande prazer, “50 anos depois da independência da Angola, ter regressado como embaixador".
Referiu que as duas obras que simbolizam bem a reconciliação e fraternidade entre Angola e Portugal são a do museu e a reabilitação dos talhões militares.
“Acho que foi também um gesto de grande generosidade que nós agradecemos ao Governo de Angola, em especial ao Presidente João Lourenço”, disse.
Deu a conhecer ainda que a próxima visita às obras será para verificar, mais em detalhe, a questão do conteúdo museológico. “Portanto, hoje viemos ver fundamentalmente o andamento da obra física. Agora o trabalho fundamental é dos museus, é dos historiadores”.
Disse que o futuro museu será de referência para Angola, às gerações vindouras e turistas, incluindo de Portugal, por ser uma obra com um grande alcance histórico.
A obra orçada em 34 milhões de euros conta com a duração de 18 meses, sendo que está composta por um edifício de dois pisos e estará transformado num museu "atractivo". FMA/SC