Harare (Do enviado especial) - O chefe de Estado angolano, João Lourenço, visitou, este domingo, em Harare, as obras de construção do Museu da Libertação Africana (MLA), um projecto liderado pelo Governo zimbabweano.
Trata-se dos trabalhos de construção de uma instalação pan-africana, na capital zimbabweana, destinada a exibir e preservar a diversificada história da libertação de África.
A deslocação do Presidente João Lourenço ao projecto enquadra-se no programa da 44.a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), realizada este sábado, em Harare.
A obra está a ser erguida, em Harare, num terreno de 103 hectares de extensão, numa zona de crescimento urbano a receber as primeiras infra-estruturas como rodovias asfaltadas.
O museu vai mostrar o essencial da história dos países africanos, com um espaço especial reservado às suas lutas de libertação.
No catálogo que antecipa a obra, afirma-se que o museu reflectirá no seu acervo episódios como os massacres de Maseru, Cassinga (Angola), Chimoio e Mukushi, bem como "as grandes vitórias dos povos de África, incluindo as épicas batalhas do Cuito Cuanavale, Gorongoza e Mavonde".
O Presidente João Lourenço participou na cerimónia, em companhia da Primeira Dama da República, Ana Dias Lourenço, naquela que constituiu a sua última actividade em solo zimbabweano, antes de de regressar ao país.
O acto ficou marcado pela plantação de uma árvore, a simbolizar o enraizamento e crescimento do que é hoje uma ideia e, mais tarde, uma obra arquitectónica imponente.
No seu comunicado final, o encontro dos líderes regionais saúda a iniciativa do Governo zimbabweano e exorta os demais Estados-membros da SADC a disponibilizar materiais e artefactos para o Museu da Libertação de África.
Narrativa da descolonização
Na ocasião, o Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, descreveu o Museu como uma afirmação das lutas de libertação do continente africano.
Por esse facto, considerou, deve, em última análise, ser o guardião e a personificação de tudo o que caracterizou os países africanos, a descolonização da região e de todo o continente negro, incluindo a sua diáspora.
Informou que, no Museu, estarão expostas exposições que mostram as lutas heróicas do povo africano e as vitórias registadas contra o colonialismo.
Por isso, prometeu mobilizar recursos para institucionalizar “as narrativas e perspectivas africanas” sobre a descolonização do continente.
Pediu aos países africanos que garantam que a história do continente seja documentada com precisão e protegida, para evitar imprecisões históricas.
"Estamos cientes de que a história do nosso continente foi e continua a ser deliberadamente distorcida para se adequar aos interesses paroquiais dos nossos antigos senhores coloniais", disse.
O Museu da Libertação de África, ainda em construção em Harare, está situado num terreno de 103 hectares conhecido como Cidade da Libertação. IZ/ART