Luanda – O Presidente da República, João Lourenço, apelou esta sexta-feira para o comprometimento de todos os africanos, especialmente jovens e mulheres, na materialização da paz e reconciliação nacionais.
Ao discursar numa conferência virtual, por ocasião do Dia da Paz e Reconciliação do Continente, que se assinala esta sexta-feira, pela terceira vez, disse ser necessário colocar todos os recursos materiais, intelectuais e espirituais a favor da paz e da reconciliação para o desenvolvimento económico e social dos países e do continente como um todo.
Na qualidade de Campeão da Paz e Reconciliação da União Africana (UA), o Presidente João Lourenço foi o primeiro a discursar numa lista que incluiu representantes de vários países africanos e da organização continental.
O estadista angolano instou cada africano, individual e colectivamente, a mobilizar-se para, em conjunto com as forças vivas das nações e com os líderes que as conduzem, “colocarmos de lado as nossas diferenças e transformá-las na nossa maior força” e “para que entre nós construamos o caminho que nos conduza à paz, à estabilidade e à segurança”.
Lamentou o facto de se continuar a observar, com muita tristeza, “uma perigosa tendência para pormos de lado, de forma ligeira, os valores da irmandade e da solidariedade africana e agirmos contra os próprios interesses de África e dos seus povos, criando factores de instabilidade e de insegurança”.
Para si, essa perigosa tendência regista-se por se descurar a força e a importância do diálogo e das soluções diplomáticas como a única via aceitável para dissipar tensões e evitar guerras que geram e agravam a pobreza, associada à enorme massa de deslocados e refugiados que daí derivam.
Segundo o Presidente João Lourenço, os maus exemplos desta conduta reprovável em África não valorizam homens e mulheres que estão na sua origem, “pelo contrário, coloca-os nas páginas menos gloriosas da história de África como os promotores de tragédias humanas a todos os títulos condenáveis”.
Neste contexto, exortou as lideranças cujo envolvimento directo ou indirecto são capazes de fazer a diferença, a trabalharem em prol da paz e da reconciliação no continente africano, com especial destaque para o Leste da República Democrática do Congo (RDC), o Sudão e a região do Sahel, bem como em outras zonas em conflito, privilegiando o diálogo como a melhor via para a resolução das divergências.
Enfatizou que a “África com a qual ainda sonhamos e ambicionamos, economicamente forte e socialmente estável, que supere o analfabetismo, a fome e a miséria, que garanta emprego e bem-estar para os seus filhos, e seja, efectivamente, respeitada no concerto das nações" só poderá ser alcançada com um calar das armas capaz de impulsionar uma paz e reconciliação genuína e perene.
O Presidente angolano lembrou que os pais fundadores do nacionalismo africano lutaram e sonharam com uma África unida, desenvolvida e próspera, após a conquista das independências nacionais.
Reconheceu que, volvidas seis décadas desde o advento da autodeterminação dos povos africanos, constata-se, com grande preocupação, que o continente continua a deparar-se com desafios complexos, decorrentes, em muitos casos, dos conflitos armados que afectam seriamente as relações entre alguns Estados africanos e condicionam em grande medida o esforço do desenvolvimento e do bem-estar dos povos de África.
O 31 de Janeiro foi instituído a 28 de Maio, em Malabo (Guiné Equatorial) como o Dia da Paz e Reconciliação de África, através da Declaração da 16ª Sessão Extraordinária da Assembleia da União Africana.
Foi a 31 de Janeiro de 2000 que os líderes africanos lançaram oficialmente a transição da Organização da Unidade Africana (OUA) para a União Africana (UA). DC