Huambo – O politólogo angolano Almeida Mendes Henriques defendeu, nesta terça-feira, no Huambo, a realização de um estudo profundo e imediato capaz de encontrar soluções e identificar as principais potencialidades, em termos de desenvolvimento económico-social de África.
Segundo o analista político, em declarações à ANGOP, no quadro do 25 de Maio, dia dedicado a África, é fundamental promover uma política de desenvolvimento baseada no real conhecimento das suas potencialidades, agindo de forma coerente sobre todos os factores determinantes para evolução.
“Na verdade, seja qual for o país, independentemente da natureza da sua economia, somente será possível reduzir as assimetrias regionais quando existir um olhar crítico, analítico e estratégico sobre o potencial real de cada zona, viabilizando, deste modo, um plano integrado que de forma produtiva neutralize as desigualdades existentes a todos os níveis”, disse.
Almeida Mendes Henriques lembrou que a África, com uma população estima em mais de um bilhão de habitantes é, sem sombra de dúvidas, o continente que apresenta os piores indicadores sociais do mundo, começando pela fome, miséria, guerras, desemprego, fraco sistema de ensino/aprendizagem, doenças e outras situações.
No seu entender, todos os problemas sociais identificados em África podem ser agravados, tendo em vista que se o crescimento vegetativo continuar em 1,9 por cento/ano, desencadeará o aumento da fome e das desigualdades sociais, enquanto factores que concorrem para o recuo do desenvolvimento sustentável.
Disse serem essas desigualdades que provocam as assimetrias económicas e sociais, desequilibrando, deste modo, todo o processo de desenvolvimento que, ao invés de ser integrado, provoca uma economia a dois ritmos completamente antagónicos.
Conforme o politólogo, olhando pela realidade de cada Estado africano, percebe-se logo que as assimetrias regionais, sobretudo na África Subsariana, estão intimamente associadas às desigualdades na taxa de crescimento da actividade económica, bem como aos diferentes níveis de aproveitamento do potencial de crescimento de cada zona ou região.
Esta situação, de acordo com o interlocutor, acaba por se repercutir nos diferentes níveis de rendimento, taxas de crescimento do produto interno e de desemprego.
Almeida Mendes Henrique apontou a corrupção, má governação, falta de democracia/fracas instituições políticas e a violação das constituições, como sendo os factores que têm retardado o investimento estrangeiro em larga escala em vários países do continente.
Como solução, o politólogo aconselhou os Governos africanos a estabelecerem parcerias fortes com o sector privado, para a definição de alinhamentos, sinergias e complementaridade de competências que garantam o adequado aproveitamento dos recursos naturais, das tecnologias e a valorização do homem.
O Dia de África comemora-se, anualmente, a 25 de Maio, em alusão à data em que se fundou a Organização de Unidade Africana (OUA), em 1963, na Etiópia, entidade continental substituída pela actual União Africana (UA), desde 2002.