Nouakchott (Da enviada especial) – A cidade de Nouakchott, palco, esta semana, da investidura do Presidente reeleito da Mauritânia, Mohamed Ould Ghazouani, figura entre as mais emblemáticas do mundo, em termos históricos e culturais.
Nouakchott, que receberá nos próximos dias dezenas de Chefes de Estado e de Governo para a cerimónia de posse, chama atenção pelos troços arquitectónicos das suas casas, com telhado plano e largas ruas arenosas.
Nesta cidade, há várias mesquitas que funcionam frequentemente como interface entre os mauritanianos citadinos e os numerosos habitantes nómadas do país.
O seu dia-a-dia é de grande agitação, principalmente no período noturno, visto que no diurno se dedicam mais ao islamismo, sobretudo por acolher eventos políticos que fazem mudar, radicalmente, a sua rotina.
Foi considerada a vila de pescadores até 1958, depois tornou-se a capital do país, na altura em que contava pouco mais de 20 mil habitantes, hoje quase 900 mil, pouco menos da metade da população total do país.
A cidade se revela, sobretudo, nos seus mercados, palco onde todos falam as línguas dos “outros”, conforme o vendedor e a mercadoria que vende, desde têxteis e artesanato tradicionais até electrónicos.
É o lugar perfeito para encontrar lembranças e presentes e, ao mesmo tempo, ter uma noção da agitação local.
Já no Marché aux Khaimas, o turista pode navegar por uma selecção de tendas tradicionais da Mauritânia e intrincadas joias mouriscas.
Este mercado não é apenas um destino de compras, mas também um centro para artesãos que mantêm vivas as tradições culturais através do seu trabalho.
Situação política e económica
A República da Mauritânia tem um Governo Presidencialista e pluripartidário. Foi criada em 1964, baseado no sistema napoleónico e islâmico, sendo a mais recente criada aos 12 de Julho de 1991, proposto pelo Presidente da República da época, para reformular o Parlamento.
O crescimento económico da Mauritânia mantém-se numa trajectória positiva desde 2023, com o sector agrícola (que representa 25% do PIB e proporciona o sustento a cerca de metade da população) a impulsionar os preços.
O seu PIB é de 30.395 bilhões USD (2023), sendo que as principais fontes de receita são provenientes do sector das pescas, atingindo 45%, seguido pelos sectores da prestação de serviços, indústria e agricultura.
Tem como origem das importações a China (26%), França ( 6%), Espanha (6%), Marrocos (6%) e Emirados Árabes Unidos (5%).
Os principais produtos importados são petróleo refinado, tubagens de ferro, trigo, açúcar castanho (Mascavo, não refinado ou cru) e óleo de palma.
Os produtos mais exportados são ouro, minério de ferro, crustáceos processados e farinha animal, destinados à China (42.5%), Espanha (9.39%), Canadá (8.13%), Turquia (6.72%), Japão (6.1%),Italia (5.1%), Alemanha (2.58%), Austrália (3.36%), Cote d'Ivoire (2.55%) e Rússia (1.18% ).
Os dados estatísticos mostram que entre 60% e 70% da população mauritaniana obtém uma parte ou a totalidade dos seus rendimentos da actividade pecuária.
O sector contribui com cerca de 9,8% para o PIB do país, de acordo com a Agência Nacional de Estatística (ANSADE 2021).
A Mauritânia tem amplos depósitos de minério de ferro, que totalizam quase 50% do total das exportações do país, e com o aumento dos preços dos metais,
companhias mineradoras de ouro e cobre abriram minas no interior do país.
As águas territoriais mauritanianas estão entre as mais ricas em peixes no mundo, porém a exploração abusiva por parte de pescadores estrangeiros tem ameaçado esta fonte vital de renda.
O primeiro porto de águas profundas foi aberto de Nauakchott, capital do país, em 1986.
O petróleo foi descoberto na Mauritânia em 2001, no depósito de chinguett, embora seja potencialmente significativa para a economia do país, as jazidas foram descritas como "de pequeno porte”.
A Mauritânia possui 51 blocos confirmados de petróleo - 19 offshore e 32 onshore - mas pesquisas estão em andamento visando futuras descobertas de campos petrolíferos. FMA/ART