Luanda - O nacionalista angolano Julião Mateus Paulo "Dino Matrosse" vai lançar no dia 19 deste mês, no Memorial António Agostinho Neto, em Luanda, o II volume das suas Memórias, de 1971 a 1977.
A apresentação do livro, com 497 páginas, estará a cargo da historiadora Rosa Cruz e Silva. O prefácio da obra foi escrito pelo também historiador Cornélio Calei.
Em declarações à ANGOP, "Dino Matrosse" disse estarem criadas as condições para o lançamento da obra, notando que escreveu essas memórias para que a nova geração venha saber mais sobre a história de Angola.
"Essas memórias são lembranças, porque muitos não estiveram ao longo desses anos nessas lutas que travamos contra o colonialismo português, com armas na mão (guerrilha), e outros estiveram nas prisões. Então, muitos não conhecem esses problemas", assinalou.
Lembrou que no I volume das suas Memórias (1961 a 1971), fala sobre a luta de libertação nacional e, no II volume (1971 a 1977), retrata, entre outros, as sucessivas dissidências que ocorreram no seio do seu partido (MPLA), a partir de 1963, bem como a crise que despoletou no Leste do país, com Daniel Chipenda (Revolta Activa).
Nessa obra, o nacionalista aborda, também, os acontecimentos do 27 de Maio de 1977 e sobre a Batalha de Kifangondo, que antecedeu à proclamação da independência Nacional, com fotos e documentos da época.
Julião Mateus Paulo "Dino Matrosse", figura proeminente do MPLA, disse não entender porque que os acontecimentos do 27 de Maio constituem ainda um certo "tabu" na sociedade.
"São coisas que existiram eu, pelo menos, fui adjunto do Bakalof, trabalhei com ele, não tive nem sequer remorso nenhum em retratar essas e outras matérias da luta de libertação nacional nas minhas memórias", vincou.
Nessa obra, "Dino Matrosse" retrata, também, as contradições que existiram no seio do movimento internacional comunista, criado em 1956 entre os países ou partidos políticos que fizeram parte desse movimento.
Conforme o nacionalista, esses acontecimentos, ao longo da luta que travaram, tiveram muita incidência ou influência no seio dos movimentos de libertação nacional, na altura.
Instado se ainda pretende escrever outras memórias, "Dino Matrosse" referiu que tudo dependerá das circunstâncias, "porque não é fácil escrever um livro, é preciso muita investigação. Além daquilo que a gente sabe, fomos também protagonistas da luta de libertação nacional (...)".
Perfil
Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse” nasceu a 30 de Dezembro de 1942, na província do Bengo. Em 1962, devido à repressão colonial, interrompe os estudos, abandona o país e ingressa nas fileiras do MPLA (4 de Janeiro de 1963).
Em 1966, com os demais companheiros do MPLA, entra em Angola pela província do Moxico, e vive na clandestinidade, dedicado aos diversos cargos que o MPLA lhe incumbe e à luta armada pela independência.
Tem formação superior em Ciências Política e em Direito. Exerceu diversos cargos, entre eles, o de director nacional dos Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Indústria e Energia. Foi comissário político nacional adjunto das FAPLA, membro do Conselho da Revolução, Deputado à Assembleia do Povo, vice-ministro para a Defesa Nacional, ministro de Segurança do Estado e deputado a Assembleia Nacional.
