Luanda - A obra " O Cerco do Kuito-Bié, a batalha que impediu a divisão de Angola”, da autoria de Fernando Augusto, foi lançada esta sexta-feira, em Luanda, num acto que contou com a presença de individualidades protagonistas desta gesta.
Sob a estampa da Editora Mayamba, a obra constitui o testemunho narrativo de acontecimentos vividos pelo autor.
Na introdução pode ler-se que o momento que a nação vivia, na altura, era caracterizado pela tendência de radicalização da sociedade com tendências para a violência externa.
Refere que a exaltação ao ódio entre adversários constitui uma preocupação comum, factos que algumas vezes se tem repetido nos dias de hoje, dai a necessidade de a juventude conhecer o passado para que não seja facilmente manipulável.
Em declarações aos órgãos de comunicação social, Fernando Augusto afirma que obra visa chamar a atenção à sociedade das consequências da guerra e do ódio, apelando a resolução dos conflitos através do diálogo.
Considera que a obra é lançada num momento em que Angola vive um clima idêntico ao vivido no período pós eleitoral de 1992, o qual resultou num conflito armado que vitimou milhares de cidadãos.
“A guerra do Kuito aconteceu porque o povo aceitou o sacrifício da perda de vidas humanas e a paz se alcançou porque o povo aceitou os benefícios da fraternidade e da concórdia”, frisou.
Afirma que escreveu esta obra com a consciência de que nesta guerra participaram muitos jovens, na altura pertencentes aos dois lados beligerantes, que hoje partilham dos seus sentimentos e frustrações, sobretudo pelo facto de todos, ou pelo menos a maioria daqueles que deram a sua vida e juventude terem sido abandonados em tempo de bonança.
A obra comercializada à oito mil kwanzas, com 241 páginas, está subdividida em seis partes, tratando de questões como lições do processo de paz em Angola, manipulação do exterior, factos que antecederam a batalha do Kuito, primeiro confronto no Kuito, a fuga da população, entre outras.
Fernando Augusto nasceu na província do Uíge, em 1970, e é licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto, mestre em Economia Monetária e Financeira pela mesma faculdade e pós-graduado em Projectos de Pesquisa e Desenvolvimento.
Participou na batalha do Kuito entre 1993 e 1994, período durante o qual desempenhou as funções de chefe dos Serviço de Assistência Médica Militar do regimento e de director clínico- adjunto do Hospital Militar do COP-Bié, até Janeiro de 1995.