Ondjiva – A província do Cunene possui vários locais em fase de estudo, para classificação como monumentos, pelo simbolismo que representaram para as Forças Armadas de Angola e da Namíbia, durante a guerra contra o regime do "apartheid".
Entre os locais, destacam-se os escombros do antigo Comissariado Provincial do Cunene e os “bunkers” existentes em diversos municípios, onde funcionavam os comandos operativos no tempo da invasão sul-africana à Angola.
A informação foi prestada quarta-feira pelo governador provincial do Cunene em exercício, Apolo Ndinoulenga, no final de um encontro de cortesia com uma delegação da Namíbia, chefiada pela secretária Executiva do Ministério da Defesa, Trifina Kamati, em trânsito para a província da Huíla.
Disse que os povos do sul do Cunene e do norte da Namíbia partilham uma "afinidade forte", razão pela qual as relações, em diferentes domínios da vida, tornaram-se mais naturais e saudáveis.
Na Huíla, a comitiva namibiana vai inteirar-se do projecto de requalificação de monumentos, em homenagem aos combatentes da SWAPO falecidos em Angola, concretamente na localidade de Cassinga, no período da luta de libertação da Namíbia.
A secretária executiva do Ministério da Defesa da Namíbia disse que a construção de monumentos que lembram o massacre de membros da SWAPO pelas forças segregacionistas sul-africanas, a 4 de Maio de 1978, iniciou em 2017.
Devido ao perigo das minas, explicou, os trabalhos paralisaram em 2018 e só retomaram em 2020.
A batalha de Cassinga consubstanciou-se no maior ataque de aviação do regime do apartheid contra militantes da SWAPO, força política opositora à ocupação e dominação do território namibiano pelo governo sul-africano de então.
Os militantes da SWAPO, a par de outros países da região da África Austral, tinham Angola como um bastião de recuo e acolhimento.
Essa batalha e outras, com realce para a do Cuito Cuanavale, ocorrida em 1987, na província do Cuando Cubango, constituem factos históricos que contribuíram para a independência da Namíbia, em 1990, e a queda do regime do apartheid na África do Sul, em 1994.
A província do Cunene (Sul de Angola) partilha uma fronteira de 460 quilómetros com a Namíbia, 340 Km terrestre e 120 Km fuvial.