Benguela – A fotografia do aperto de mão entre os generais Armando da Cruz Neto e Abreu Muhengo "Kamorteiro ", a 4 de Abril de 2002, é um dos atractivos de uma exposição aberta hoje, nesta cidade, para celebrar o Dia da Paz.
Os acordos de paz em Angola foram rubricados a 4 de Abril de 2002, entre o Governo e a UNITA, sendo que o aperto de mão entre os generais Armando da Cruz Neto e Abreu Muhengo “Kamorteiro”, este último já falecido, se tornou num ícone da reconciliação nacional entre os angolanos desavindos durante os longos anos de guerra.
Patente no largo da Peça, na zona leste da cidade de Benguela, a exposição intitulada “Angola Caminhos – Um contributo documental para melhor conhecimento da história de Angola” retrata em 18 painéis a luta armada de libertação nacional, a Independência, a morte do Presidente Agostinho Neto, em 1979, em Moscovo, e as primeiras eleições multipartidárias, em 1992.
Complementam a exposição fotografias documentadas sobre a morte em combate de Jonas Savimbi, os acordos de paz do Luena, a reconstrução nacional, o Campeonato Africano das Nações em futebol (CAN2010), as eleições, a retirada do ex-Presidente José Eduardo dos Santos da vida política em 2018, e a sua morte, a 8 de Julho de 2022, assim como a nova governação sob liderança do Presidente João Lourenço.
Na abertura, o director do Gabinete Provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Jorge Damião Sapesse, convidou a população, sobretudo os jovens, a visitarem a exposição bastante elucidativa sobre as várias etapas da história recente da “jovem democracia” angolana.
Apontou que o painel 1 e 2 apresentam, por exemplo, figuras que se destacaram na guerra pré-independência de 1950 a 1975, período em que surgiram os movimentos que lutaram contra o regime colonial português, visando a Independência Nacional, a 11 de Novembro de 1975.
Também destacou outros painéis relativos ao período de 1975 a 1990, tendo como pano de fundo o reacender do conflito armado com a intervenção das forças internacionalistas cubanas e da África do Sul na histórica batalha do Cuito Cuanavale.
Por sua vez, o vice-governador provincial para os Serviços Técnicos e Infra-estruturas, Adilson Gonçalves, em representação do governador de Benguela, Luís Nunes, defendeu que é preciso continuar a consolidar os ganhos da paz, com a criação cada vez mais de melhores condições de vida para os cidadãos.
“À medida que o tempo vai passando, temos a obrigação de continuar a assegurar que a construção de infra-estruturas não pare, para trazer melhor qualidade de vida às pessoas”, disse o vice-governador, acrescentando que, hoje, há mais energia, água e melhores infra-estruturas de transportes, saúde e educação.
Como a paz custou “um preço muito alto”, Adilson Gonçalves pensa que os angolanos devem olhar para o presente, respeitando os princípios que nortearam a conquista da paz, sem esquecer o que aconteceu no passado, “porque muitas famílias perderam os seus ente-queridos”.
A seu ver, os angolanos devem ter consciência do quanto custou essa paz, nomeadamente os enormes sacrifícios consentidos e, desta forma, ensinar as novas gerações a valorizar cada vez mais este clima de estabilidade e tranquilidade.
Na mesma senda, o delegado do Ministério do Interior em Benguela, Aristófanes dos Santos, considera que, com com a paz definitiva, em 2002, os ganhos são vários, nomeadamente o restabelecimento dos caminhos de ferro, com destaque para o CFB; a livre circulação de pessoas e bens, a construção de muitos hospitais, escolas, os vários programas habitacionais, com destaque para a criação de centralidades.
Na sua óptica, Benguela tem vindo a evoluir bastante, sobretudo nos últimos anos, com a reformulação da rede viária, construção de escolas em locais mais recônditos e a conclusão de uma série de obras que estavam paradas
Recordou a ponte 4 de Abril, na Catumbela, em homenagem ao Dia da Paz, a requalificação da estrada Lobito-Benguela, entre outros feitos.
No domínio da Polícia Nacional ou das forças de segurança, disse que os ganhos da paz são imensuráveis.
Hoje, enfatizou, temos forças de segurança muito mais bem preparadas, é visível a construção de uma série de infra-estruturas, esquadras, postos policiais e aumento de meios rolantes.
Actualmente, a polícia tem um instituto superior de ciências policiais, onde o efectivo é formado em cinco anos e obtêm o grau de licenciatura e até já se evoluiu para os cursos de mestrado em segurança pública,
A exposição, que está a atrair a atenção do público, foi antecedida de uma romagem ao cemitério da Camunda, arredores da cidade de Benguela, onde as autoridades fizeram a deposição de coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido em homenagem a todos quantos tombaram pela paz. JH/CRB