Cuanavale – O governador do Cuando Cubango, José Martins, afirmou, esta quinta-feira, que o Executivo está a trabalhar para que o Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale, decorrida entre 1987 e 1988, seja elevado à Património da Humanidade.

O governante falava durante uma palestra sobre “Antecedentes políticos, económicos e militares no contexto nacional, regional e internacional da Batalha do Cuito Cuanavale”, em que foi prelector o general reformado das Forças Armadas Angolanas (FAA) Higino Carneiro,

José Martins disse terem sido dados grandes passos para a efectivação do projecto, pois, para além das questões de infra-estruturas, decorrem os assuntos técnicos e administrativos.

Informou que a convite dos ministérios da Cultura e Turismo e do Ensino Superior, Ciência, tecnologia e Inovação, os peritos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) já trabalharam, em algumas vezes, no Cuito Cuanavale na criação de condições, para garantir que o município seja, efectivamente, levado à Património da Humanidade.

Referiu que um das condições exigidas está relacionada com a reconstituição do cenário na região do Cuito Cuanavale, tendo em atenção como era o município antes do período 1987 a 1988, a imagem que apresentava o bairro Sá Maria até ao Triângulo do Tumpu.

José Martins disse ser por esta razão que convidou os jovens para visitarem, na manhã de sexta-feira (22) a referida zona, no sentido de aferir os resquícios restantes da ofensiva militar protagonizada à época, até aos dias de hoje protegidos por dispositivo de militares das Forças Armadas Angolanas (FAA).

O governante esclareceu que o objectivo passa em manter seguro os meios bélicos bélico usados, por constituírem a prova material da história da Batalha do Cuito Cuanavale, enquanto condição essencial para o propósito de levar o município a património, a par de outro esforço de trazer o equipamento militar para municipalidade, para o retrato real do que, efectivamente, existia.

Por outro lado, apontou a questão da valorização do Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale e os componentes da sua envolvência.

A segunda fase da obra, informou o governador, já se encontra adjudicada para a conclusão da envolvente do Memorial à Vitória da Batalha do Cuito Cuanavale, cujo estaleiro da empresa encarregue foi visita hoje pelo ministro da Defesa Nacional, e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos.

José Martins vaticinou que a conclusão das obras irá permitir que os turistas encontrem espaços para o lazer, acomodação, entre outros atractivos turísticos, pois o trabalho engloba a construção de 70 habitações para a população da aldeia de Sá Maria, que prestou, durante a batalha, o apoio diversificado às tropas governamentais.

Destacou a construção de 25 casas protocolares, a par de outros equipamentos que propiciam o bem-estar da população local, como a energia eléctrica e a água potável.

Lembrou que a 17 de Janeiro último, o Governo da província do Cuando Cubango realizou o I Fórum dos Investidores da Região Angolana do Okavango, para propiciar condições de atracção turística, tendo em conta o potencial da região, com a maior bacia hidrográfica do Projecto Transfronteiriço Okavango-Zambeze, através dos rios Cuando e Cubango.

Histórico da Batalha

Ocorrida de 15 de Novembro de 1987 a 23 de Março de 1988, a Batalha do Cuito Cuanavale é considerada por políticos e historiadores o início de uma viragem a favor da paz e da libertação da África Austral.

Volvidas três décadas e numa demonstração da sua valorização e honra, à memória de todos àqueles que lutaram na Batalha do Cuito Cuanavale, a data é celebrada pela segunda vez como feriado nacional em Angola e na região da África Austral pelos países que fazem parte da SADC.

Considerado até hoje um dos maiores confrontos militares da guerra no período pós-independência de Angola foi a batalha mais prolongada no continente africano desde a Segunda Guerra Mundial.

O local da batalha foi o Sul de Angola na região do Cuito Cuanavale, província do Cuando-Cubango, onde se confrontaram os exércitos de Angola (FAPLA) e de Cuba (FAR) contra as FALA ligadas à UNITA, com o apoio da maior potência militar regional, a África do Sul.

O dia 23 de Março de 1988 marcou o fim da Batalha do Cuito Cuanavale, tornando-se a viragem da guerra que se arrastava há anos, incentivando um acordo, entre sul-africanos e cubanos, para a retirada das tropas.

A assinatura dos Acordos de Nova Iorque deu origem à implementação da resolução 435/78 do Conselho de Segurança da ONU, levando à retirada das forças cubanas de Angola, à libertação de Nelson Mandela e à independência da Namíbia.  

Homenagem aos Heróis

Para honrar a memória de todos àqueles que lutaram na Batalha do Cuito Cuanavale, o Governo angolano construiu, numa área de 3,5 hectares, um conjunto escultórico, com vista a eternizar o sacrifício dos milhares de angolanos que lutaram contra as tropas do regime do apartheid.

O imponente edifício com perto de 35 metros de altura sob forma de pirâmide (alusão explícita ao Triângulo do Tumpu, local da derradeira batalha) erguido numa área total de 3,5 hectares, à entrada da sede do município do Cuito Cuanavale, simboliza a memória e a bravura dos heróis da batalha de 1988.

A infra-estrutura comporta dois pisos, um terraço e é sustentada por três vigas de betão armado. Está equipada com um elevador com capacidade para transportar cinco pessoas.

Logo à entrada do pátio do monumento histórico, encontram-se duas estátuas de soldados, sendo um das ex-Fapla e outro cubano, com os punhos erguidos em sinal de vitória.

No mesmo perímetro, encontra-se uma biblioteca e um museu, neste último encontram-se armas capturadas durante os combates e o material utilizado pelas extintas FAPLA e pelas tropas cubanas.

 Sobre o município

O nome Cuito Cuanavale, um dos municípios da província do Cuando Cubango, tem origem dos rios Cuito e Cuanavale, que convergem nesta região, tem três comunas, designadamente Longa, Baixo Longa e Lupiri.

Com uma superfície de 35 mil 610 quilómetros quadrados, o município do Cuito Cuanavale, província do Cuando Cubango, possui uma população estimada em 42 mil habitantes. ALK/FF/ALH