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Dados biográficos de protagonistas do 4 de Fevereiro

     Política              
  • Luanda • Terça, 04 Fevereiro de 2025 | 08h22
Sobreviventes do 4 de fevereiro
Sobreviventes do 4 de fevereiro
Gaspar dos Santos - ANGOP

Luanda - Na madrugada do dia 4 de Fevereiro de 1961, faz esta terça-feira 64 anos, pouco mais de 200 jovens angolanos, armados de catanas e outras armas brancas, atacaram cadeias e outros locais estratégicos para libertar presos políticos do regime colonial português.

Na data, descrita como o início da Luta Armada de Libertação Nacional, esses nacionalistas assaltaram a Casa de Reclusão Militar, as cadeias da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), a  4.ª Esquadra, a sede dos Correios, Telégrafos e Telefones (CTT), em Luanda.

Dados oficiais apontam que na intentona foram mortos 40 nacionalistas, seis polícias e um militar do então regime colonial. 

Numa singela homenagem, a ANGOP, por ocasião da efeméride, apresenta os dados biográficos de alguns dos protagonistas.

Adão Neves Bendinha

Adão Neves Bendinha nasceu a 24 de Novembro de 1937, na localidade de Gunza, região de Icolo e Bengo. Filho de Adão Mateus Bendinha e Luzia João Marques Neves, todos Metodistas naturais de Angola.  

Fez os seus estudos primários, entre 1947 e 1950, na Escola da Missão Evangélica de Calomboloca, concluindo a 4ª classe em Luanda. 

Ente 1953 e 1954 iniciou os estudos secundários no Colégio da Casa das Beiras. Frequentou o 1º ano dos Liceus e trabalhou como desenhador de construção civil.

O também sindicalista foi um dos principais comandantes operacionais dos alvos civis e militares portugueses atacados em Luanda, a 04 de Fevereiro de 1961.

Cercado em Luanda, Neves  Bendinha ficou escondido na periferia da capital, entre Fevereiro e Abril de 1961. Entregou-se à guarnição da Cadeia de São Paulo, em Luanda, a 09 de Abril de 1961. Torturado, não resistiu  e morreu na prisão a 15 de Maio de 1961. O seu corpo foi atirado aos cães.

Agostinho João Manuel

Agostinho João Manuel, natural de Icolo e Bengo, participou no assalto à Casa de Reclusão, no âmbito da acção histórica do 4 de Fevereiro de 1961, tendo, por isso, cumprido pena nos Campos de Missombo (Cuando Cubango) e de São Nicolau (Namibe), até 1970. 

No período pós-independência, Agostinho João Manuel exerceu funções de relevo nas Forças Armadas, tendo ostentado diversos graus militares, desde o de primeiro-tenente, em 1981, ao grau de tenente-general. 

Morreu em Luanda,  a 01 de Maio de 2018, aos 77 anos. 

Cónego Manuel das Neves 

Manuel Joaquim Mendes das Neves nasceu a 25 de Janeiro de 1896, no Golungo Alto, Cuanza-Norte, era filho de um agricultor português com uma angolana. Com 12 anos ingressou no Seminário-Liceu de Luanda.

Foi ordenado padre em 1918, tornou-se missionário secular (cónego) e começou a servir na Diocese de Luanda a partir de 1932. Em 1950 é ordenado prelado doméstico de Luanda com o título de monsenhor, pelo o Papa Pio XII.

No início de 1959, o cónego  acumulava as funções de pároco da Igreja dos Remédios, diretor do Seminário Católico de Luanda, deão do Cabido da Sé e vigário da Arquidiocese de Luanda, tornando-se no segundo homem da Igreja Católica em Luanda, a seguir ao arcebispo.

Em Janeiro de 1961 organizou e concentrou vários nacionalistas na periferia de Luanda para receber treino militar do cabo do Exército português Bento António. Ministrou vários rituais religiosos e permitiu rituais não-cristãos como forma de "imunizar" os mesmos contra as balas dos portugueses.

Em 21 de Março de 1961, Manuel das Neves foi preso pela PIDE, acusado de ser o principal instigador dos ataques do 4 de Fevereiro, em Luanda.

Morreu no Seminário do Soutelo, a 11 de Dezembro de 1966. Os seus restos mortais foram transladados para Angola a 05 de Julho de 1994.

Engrácia Francisco Adão 

Engrácia Francisco Adão "Cabenha", também conhecida como "Rainha do 4 de Fevereiro",  nasceu na comuna de Cassoneca, Icolo e Bengo, em Novembro de 1944. Filha de Francisco João Martins e de Teresa Deão.

É uma nacionalista e militar na reserva das Forças Armadas Angolanas (FAA), foi a única mulher a integrar o grupo de independentistas que no dia 4 de Fevereiro de 1961 invadiu as prisões coloniais e outras intituiçõe, em Luanda, dando origem à luta armada pela independência de Angola. 

Tinha apenas 12 anos quando foi escolhida para actuar nas actividades,  posteriormente ingressou no Destacamento Feminino das Forças Armadas Popular de Libertação de Angola  (FAPLA).

Actualmente na reserva, Engrácia Adão "Cabenha" tem a patente de tenente-general das FAA.

Francisco Imperial Santana  

Francisco Imperial Santana  “Kokela Kia Budike”, nasceu  a 29 de Junho de 1929, na Sanzala de Quinzenza, Calumbo, município de Viana (então Icolo e Bengo), Luanda, filho de Francisco Pascoal Santana e de Pulquéria João.

 Em 1940 efectuou os estudos primários até a 3ª classe na Missão Católica, comuna do Calumbo, completou a 4ª classe na escola da Igreja Metodista. Em 1942 trabalhou como ajudante de marceneiro, no bairro Rangel. 

Na madrugada do dia 4 de Fevereiro de 1961 dirigiu o grupo que atacou as cadeias da Casa de Reclusão, na Boa Vista (Luanda). Na altura foi atingido com um tiro no antebraço direito.

Dias  depois foi-lhe apontado o braço, por orientação de madres Católicas, numa visita à Cadeia de São Paulo.

Em 1998 é graduado com a patente de General do Exército. Francisco Imperial Santana faleceu a 14 de Agosto de 1999. 

Paiva Domingos da Silva

Paiva Domingos da Silva nasceu em Cassoneca, região de Icolo e Bengo,  a 02 de Março de  1930, filho de Domingos João e de Lemba Pascoal.

Carpinteiro, fez parte dos grupos que a 04 de Fevereiro de 1961 atacaram as prisões de Luanda onde se encontravam presos políticos. O Marco é considerado, em Angola, como o início da Luta Armada de Libertação Nacional. 

Capturado, passou por diversas prisões, sendo em 1962 enviado para o Campo prisional do Missombo (Cuando Cubango), onde foi novamente transferido para a prisão em Luanda. 

Foi-lhe aplicada a medida administrativa de fixação de residência por seis anos em Cabo Verde, por despacho do ministro do Ultrama, de 09 de Abril de 1970.

Chegou ao Campo do Tarrafal a 14 Maio de 1970 e saiu a 01 Maio de 1974. Considerado herói nacional, faleceu em Luanda.

Pedro José Van-Dúnem

Pedro José Van-Dúnem nasceu a 23 de Junho de 1940,  em Cassoneca, Icolo e Bengo, filho de José Van-Dúnem e de Luisa Adão Baltazar, fez os  estudos primários na mesma localidade, posteriormente transferido para Luanda onde concluiu o ensino de base.

Preso político e nacionalista angolano participou  na insurrueição do 4 de Fevereiro de 1961, data do início da luta armada de libertação de Angola.

Formou-se em Ciências Político-Militares na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviética (URSS), actual Federação da Rússia. 

José Pedro Van-Dúnem, depois da Independência Nacional, em 11 de Novembro de 1975,  ocupou vários lugares de destaque, nomeadamente o de ministro dos Antigos Combatentes e  Veteranos de Guerra e membro do Conselho da República.

Raúl Deão

Raúl Agostinho Cristóvão Deão nasceu em 1936, foi considerado o comandante-geral adjunto do grupo que atacou as cadeias a 4 de Fevereiro de 1961, filho de Agostinho Cristóvão Deão e de Bombo Manuel, natural de Calomboloca,  Icolo e Bengo.

Depois de preso e sem ser julgado foi torturado, amarrado e jogado ao mar. Pressume-se que o corpo tenha dado à costa do Gabão, no entanto ignorado pelas autoridades coloniais.  

Virgílio Francisco Sotto Mayor 

Virgílio Francisco Sotto Mayor nasceu a 05 de Novembro de 1936. Filho de Francisco Sotto Mayor e de Gonga Tomás, natural de Icolo e Bengo, Cassoneca. Frequentou os estudos elementares nesta cidade e secundários em Luanda, onde concluiu o 1ª ano de escolaridade. 

Pertenceu a uma geração que aprendeu a fazer política na igreja, nos movimentos sociais, clandestinos e também com a família, nomeadamente com os pais e irmãos.

Amante e praticante de desporto, mais precisamente de futebol. Foi atleta sénior do Atlético de Icolo e Bengo, fazendo uma dupla com o irmão, António Francisco Sotto Mayor. 

A 4 de Fevereiro de 1961, chefiou um grupo que atacou a 4ª Esquadra, onde saiu ferido num braço, meses depois foi pego pela PIDE, torturado, preso e condenado a pena efectiva de dez anos. Morreu a 27 de Agosto de 1975.

Amadeu Francisco Martins

Amadeu Francisco Martins, "general Kalunga", nasceu em Cassoneca, Icolo e Bengo, a 12 de Junho de 1940, filho de Francisco João Martins e Lemba Agostinho Deão, fez a 4ª classe na zona de residência.

Agostinho Miguel Inácio 

Agostinho Miguel Inácio "Kissekeli", nasceu a 8 de Junho de 1940, na Sanzala de Anduri,  Cassoneca, Icolo e Bengo, filho de Miguel Agostinho e Anica António

Pascoal Francisco Kaifalo  

Pascoal Francisco Kaifalo  nasceu  a 15 de Setembro de 1940, em Camassa, Catete, Icolo e Bengo. Filho de Francisco Manuel Kaifalo e de Isabel Lourenço.   

Adriano Agostinho João

Adriano Agostinho João nasceu a 02 de Agosto de 1940, em Calomboloca, Catete, Icolo e Bengo,  filho de Agostinho João e de Rosa Soares.  VIC

 





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