Ondjiva - Os militares da 2ª Brigada das Ex-FAPLA, localizada no município da Cahama, província do Cunene, são o símbolo da resistência das diferentes batalhas contra ocupação sul-africana.
Na região, 200 quilómetros da cidade de Ondjiva, foram, durante sete anos, travados intensos e sangrentos combates, que obrigaram a potência militar sul-africana a retirar-se.
O testemunho é do tenente-coronel Matias Nauyoma, que participou neste momento importante da história da África Austral.
Em entrevista à ANGOP, disse que, depois de várias derrotas, a aviação militar sul-africana nunca mais apareceu no teatro das operações, tendo sido forçada a abandonar a província do Cunene, mudando para o Cuito Cuanavale (província do Cuando Cubango).
Lembrou que, em reconhecimento a bravura dos combatentes, a 13 de Junho de 1984, o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, deslocou-se ao comando da 2ª brigada, onde confraternizou com os soldados.
Hoje coordenador da Associação dos Combatentes e Amigos da Batalha do Cuito Cuanavale no Cunene, o tenente-coronel realçou que a bravura demonstrada pelas FAPLA contra o regime sul-africano foi crucial para o regresso da população do Cunene, depois da invasão sul-africana em 1981, assim como para a independência da Namíbia.
Matias Nauyoma deu a conhecer que foi no Cunene, a 23 de Agosto de 1981, onde as forças de defesa e segurança da África do Sul invadiram Angola, numa operação denominada “Protea”, que obrigou a retirada da administração do estado para Castanheira de Pêra (Huila).
Esta operação, prosseguiu, atacou várias frentes, desde bombardeamento aéreo, força mecanizada, entre outros, que destruiu vários objectivos estratégicos em Ondjiva, Xangongo, assim como as bases da SWAPO e os seus postos de comando.
Explicou que foi no II congresso do MPLA, realizado em 1985, que se decidiu a preparação das unidades aquarteladas para ofensiva no território nacional, com particular realce no sul de Angola.
Entre 1986 e 1987 as unidades passaram à ofensiva e criaram as frentes Sul, Norte e Leste e as regiões militares, de onde se destacam as batalhas de Kifangondo, do Ebo, da Cahama, de Cangamba e do Cuito Cuanavale.
A derrota final, afirmou o tenente-coronel, aconteceu no triângulo do Tumpo, a 23 de Março de 1988, quando as forças racistas foram destroçadas pelos militares angolanos, comandados pelo general Ngueto.
Disse que as palavras de ordem do primeiro presidente de Angola, Agostinho Neto, segundo as quais na Namíbia, Zimbabwe e na África do sul estava a continuação da luta, concretizou-se com a derrota do regime do apartheid, obrigado a cumprir a Resolução 435 da ONU, sobre a independência da Namíbia.
Como artilheiro de RPG-7, Matias Nauyoma disse que esteve em várias batalhas móveis, na brigada da Cahama com o comandante Farrusco, bem como combateu em Chamutete e Jamba mineira.
No seu entender, os esforços empreendidos não culminaram apenas uma guerra, mas também trouxeram o desenvolvimento para África.
Defendeu a sensibilização da nova geração, para se empenhar nas tarefas que visam a consolidação da paz e reconciliação nacional, bem como reverência às personalidades ligadas as várias etapas de conflito armado do país.
Percurso
De 61 anos de idade, foi soldado do batalhão da 11ª brigada e participou da guerra em reposta à invasão sul-africana.
Fez igualmente parte do primeiro batalhão em Chamutete e do segundo na Cahama.
Enquanto artilheiro, o seu trabalho era móvel, o que fez também participar na célebre batalha do Cuito Cuanavale.