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Batalha do Cuito Cuanavale evitou divisão do país, diz académico

     Política              
  • Cuando Cubango • Sexta, 29 Março de 2024 | 11h17
Académico, Isaac Canjengo
Académico, Isaac Canjengo
Maurício Sequesseque - ANGOP

Menongue – A vitória militar angolana na Batalha do Cuito Cuanavale permitiu, entre outros efeitos, inviabilizar o plano de algumas forças internas e externas de dividir o país em duas regiões, norte o sul, segundo o docente universitário Isaac Canjengo.

Em recentes declarações à ANGOP, em Menongue, por ocasião do 23  de Março como Dia da Libertação da África Austral, o académico afirmou que o acontecimento em causa abortou uma estratégia que visava controlar toda a região sul de Angola pelo regime sul-africano do apartheid.

Essa pretensão fazia parte das acções que seriam postas em prática em caso de vitória das  forças da África do Sul de Pieter Botha, disse.

Trata-se, segundo o académico, de uma estratégia cuja execução viria dar corpo ao sonho nutrido, na altura, pelos movimentos de libertação que antes tinham proclamado a Independência da Angola do Sul

Afirmou que na compreensão geoestratégica e geopolítica, se o Exército sul-africano tivesse triunfado com a tomada do Cuito Cuanavale, muito rapidamente teria avançado até Menongue, capital do Cuando Cubango, e seguir “sem qualquer oposição” para o Cuito, sede da vizinha província do Bié, no centro do país.

O passo seguinte, continuou, seria avançar para as províncias de Benguela, Huambo, Huíla e Namibe, consumando assim o plano da divisão territorial de Angola e a consolidação do controlo da parte sul.

“Com isso, teriam o plano estratégico e militar concretizado de dividir Angola em duas regiões”, realçou, acrescentando que,  passado o município do Cuito Cuanavale, no Cuando Cubango, seria posta em causa a indivisibilidade do território nacional.

Na mesma visão, prosseguiu, a palavra de ordem do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, segundo a qual “De Cabinda ao Cunene, um só povo e uma só nação” também estaria comprometida.

Por essa razão, Isaac Canjengo insistiu que a Batalha do Cuito Cuanavale foi decisiva não só para a integridade dos países mais próximos de Angola, mas também para a geopolítica e geoestratégia de todo o continente africano.

A este propósito, recordou que os Acordos de Paz de Nova Iorque, de 22 de Dezembro de 1988, resultantes do fim da Batalha do Cuito Cuanavale, serviram de “trampolim” para a proclamação da Independência da Namíbia com a implementação da Resolução 435/78 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Os mesmos Acordos de Nova Iorque, assinados pelos governos de Angola, África do Sul e Cuba, determinaram também a retirada de todas as tropas estrangeiras do território nacional e propiciaram o fim do regime de segregação racial que então vigorava na África do Sul, reforçou.

Segundo o académico, resulta daí a pertinência da comemoração do 23 de Março, em todos os países da SADC, tendo em conta a abrangência regional do impacto da vitória do Cuito Cuanavale que este ano assinalou o seu 36.º aniversário.

Isaac Canjengo comunga, por isso, da  opinião de que faz todo o sentido elevar o Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale a Património da Humanidade, na medida em que “constitui um marco histórico” do registo de artigos militares e um conjunto de motivos de estudos de estratégia, geopolítica e geoestratégia militar.

Entende ainda que elevar o símbolo da Batalha do Cuito Cuanavale a Património da Humanidade equivaleria a eternizar e enaltecer os grandes heróis que se bateram pela libertação dos povos da região.

“Os jovens que estão nas academias militares vão encontrar ali motivos de reflexão e realização de estudos profundos de geopolítica e geoestratégia. É nossa história, conquistada com muito sacrifício”, disse.

Génese da reforma política em Angola

No plano interno, a histórica vitória das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) tem também as suas “impressões digitais” inscritas na génese das reformas políticas, em Angola, segundo alguns observadores.

Considera-se que o fim da Batalha do Cuito Cuanavale, em 23 de Março de 1988, preparou o terreno para o início das reformas que conduziram à transição, em Angola, do monopartidarismo para a democracia multipartidária.

A queda do Muro de Berlim, no ano seguinte, foi precursora do fim da Guerra Fria (1947-1991), que fomentou a guerra civil angolana por via da confrontação entre a então União Soviética (hoje Rússia) e os Estados Unidos, os dois patrocinadores dos dois lados opostos do conflito angolano.

Pelo meio surgem os Acordos de Nova Iorque, que serviram de antecâmara das negociações entre o Governo angolano e a UNITA de Jonas Savimbi que culiminaram na assinatura dos Acordos de Bicesse, em 31 de Maio de 1991, em Portugal.

Selados com o histórico aperto de mão entre Jonas Savimbi e o Presidente José Eduardo dos Santos, os Acordos de Bicesse puseram fim ao regime de partido único e determinaram a revisão constitucional para a consagração do pluripartidarismo.

Por força desses entendimentos, Angola celebrou, no ano seguinte, as suas primeiras eleições gerais multipartidárias, depois da transformação da UNITA de movimento rebelde em partido político.

Pela primeira vez na sua história, os angolanos foram chamados às urnas, de 29 a 30 de Setembro de 1992, para eleger o Presidente da República e os deputados à Assembleia Nacional (Parlamento), pondo fim a quase duas décadas de partido único. MSM/FF/IZ





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